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Sem filtro e com a irreverência baiana, Metropole e Macaco Gordo se unem para transmitir Carnaval de Salvador
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Nova rodada de leilão da prefeitura termina com quatro terrenos vendidos e reacende polêmica de áreas verdes
Entre eles os quatro terrenos vendidos, está uma encosta de área verde na Barra
Foto: Reprodução/Google Street
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 27 de fevereiro de 2025
Cidade do Carnaval, mas também da especulação imobiliária. É assim que Salvador tem sido vista. A alcunha, cada vez mais próxima de se tornar um adjetivo próprio, se deve à frequência com que terrenos e áreas verdes vêm sendo leiloados.
A mais recente rodada de vendas colocou 30 áreas à disposição. Quatro delas foram arrematadas, incluindo um terreno estratégico entre o Morro do Cristo, na Orla da Barra, e o Clube Espanhol. Uma encosta de três mil metros quadrados, avaliada em R$4 milhões, mas arrematada por R$16 milhões.
Sem serventia
“Tem uma encosta ali que não serve para nada, não gera um real para a prefeitura”, foi assim que o prefeito Bruno Reis justificou a venda do terreno. Nas controversas contas do gestor, o terreno deve render aos cofres públicos da prefeitura, ainda neste ano, mais de R$ 50 milhões com o arremate, o ITIV e o IPTU do comprador e já dos futuros proprietários de apartamentos que ali serão construídos. Isso, ainda na visão dele, incrementaria a arrecadação para evitar reajustes no IPTU.
Modelo de cidade
A declaração do prefeito minimizando a importância da área verde não teve boa repercussão, inclusive entre os próprios aliados. Mas não só isso, ela escancarou um modelo de visão de cidade que já estava sendo exposta com a onda de concretos e viadutos, além dos últimos leilões de áreas verdes. No ano passado, o Executivo Municipal chegou a perder uma disputa para o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-BA), que conseguiu barrar, na Justiça, o leilão de um terreno localizado em uma Área de Proteção Ambiental (APA), no bairro da Vitória, com lance mínimo de R$ 10,9 milhões.
Diferente da ideia de que a encosta não serve para nada, o presidente do CAU-BA, Thiago Brasileiro, aponta a área verde como um elemento fundamental para a qualidade ambiental e a identidade urbanística da região. Com a construção de um empreendimento imobiliário no terreno, ele relaciona uma série de impactos significativos: mobilidade com aumento no tráfego de veículos; alagamentos e outros problemas de drenagem da água da chuva por conta da perda de áreas permeáveis com a construção; além disso, a ampliação da temperatura e redução da ventilação com os prédios erguidos.
“Certamente os prejuízos e custos gerados pela perda de mais essa importante área verde da cidade serão imensamente maiores que as receitas geradas por um possível empreendimento imobiliário. Essa decisão da Prefeitura de Salvador está na contramão da história e das boas práticas de Planejamento Urbano”, afirmou.
A reportagem tentou contato com a Secretaria Municipal da Fazenda para obter mais informações sobre os terrenos arrematados ao longo de fevereiro, mas não obteve resposta.
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