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Casa de homenagens: Enquanto deixa de lado pautas importantes, ALBA investe em honrarias e títulos
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Casa de homenagens: Enquanto deixa de lado pautas importantes, ALBA investe em honrarias e títulos
Entre medalhas distribuídas como troféus e gastos milionários, Assembleia Legislativa da Bahia deixa de lado pautas importantes e protagoniza um espetáculo de bajulação
Foto: Alba/Carlos Augusto
Antes que a temporada de retrospectivas termine de ir embora, vale uma passadinha pela Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) e os seus mais de 300 dias de trabalho. Ao que parece, a Casa virou um local sagrado de homenagens e honrarias, que nas horas vagas dedica-se a pensar em projetos para o bem-estar e avanço da população baiana. Mas apenas nas horas vagas mesmo, porque o restante do tempo é dedicado a distribuir títulos e medalhas.
A Comenda 2 de Julho — outrora um símbolo de feitos grandiosos — virou mero penduricalho de currículo. Em uma busca rápida no próprio site da Alba, é possível encontrar propostas para agraciados que vão de Michelle Bolsonaro a Davi Brito, último campeão do reality Big Brother Brasil. E tem mais. Na lista dos ilustres mais recentes, estão o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Suas contribuições ao estado são, no mínimo, tão misteriosas quanto a receita de um bom acarajé servido em Pirenópolis ou na Avenida Paulista. Já Silas Malafaia, indicado por sua ferrenha “defesa à heteronormatividade”, conseguiu o feito de unir mais de 100 grupos contra sua honraria.
No ano passado, o presidente da Casa, Adolfo Menezes, até tentou pôr um freio na tal festa de honrarias, impondo o limite de um título e uma Comenda por deputado a cada ano. Grande avanço, não fosse o detalhe de que, em 2024, mais de 40 honrarias foram aprovadas antes do recesso parlamentar.
Capital pra todo gosto
Generosa com aqueles que mal sabem apontar Salvador no mapa, a Alba parece querer facilitar as coisas no quesito localização. Só pode ser esse o motivo da chuva de projetos com títulos a cidades. É uma tal de capital do forró, da cebola, do café arábica, da produção de calçados e couro, do bode, das pedras preciosas e por aí vai.
Mordomias ilimitadas
Enquanto se especializam em exportador bajulação, os deputados deixam de lado pautas importantes. É o caso do processo de cassação do deputado estadual Binho Galinha (PRD), apontado como líder de uma milícia especializada em extorsão, receptação de carga roubada e lavagem de dinheiro do jogo do bicho. E também a concessão da Neoenergia Coelba, que até teve enredo com audiências e cobranças, mas parou por aí. Todo esse trabalho de distribuição de títulos, no entanto, é recompensado. Afinal, além do salário de R$ 33 mil, eles gastaram, de janeiro até agora, R$ 31,5 milhões só com a chamada verba indenizatória.
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