Jornal Metropole
Home
/
Notícias
/
Jornal da Metropole
/
Nomes de ruas, moralismos e distrações: JM faz retorspectiva de 2024 na Câmara Municipal de Salvador
Jornal Metropole
Nomes de ruas, moralismos e distrações: JM faz retorspectiva de 2024 na Câmara Municipal de Salvador
Entre memes e conservadorismo, esse ano de eleição municipal foi uma verdadeira maratona de debates, no mínimo, controversos
Foto: Metropress/Tácio Moreira
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 27 de dezembro de 2024
Final de ano sem retrospectiva... ainda é final de ano. Mesmo assim, faremos por aqui um apanhado geral sobre o que aconteceu na Câmara Municipal de Salvador, para relembrar as principais pautas que exigiram dedicação dos nossos vereadores nesses mais de 300 dias de trabalho.
Se 2023 foi marcado por debates importantes, como subsídio para empresas de ônibus e venda de áreas verdes, esse ano de eleição municipal foi uma verdadeira maratona de debates, no mínimo, controversos. Afinal, propor uma rua para homenagear Olavo de Carvalho, o ideólogo da extrema-direita que negava o aquecimento global e declarava que a Terra não gira em torno do Sol, é realmente a bandeira de um legislativo comprometido com... bom, talvez com suas próprias ideologias.
Copia, mas não faz igual
No epicentro dessas discussões, temos projetos como o de Alexandre Aleluia, que proíbe artistas de músicas “inadequadas” em eventos públicos financiados pela prefeitura. Seria Salvador a nova capital da moralidade seletiva? Ou a terra do “copia, mas não faz igual”. Afinal, uma lei estadual de 2012 já determina a proibição de recursos públicos para artistas que desvalorizem a mulher ou incentivem a violência, discriminação ou homofobia.
Show de talentos
Ainda no campo das prioridades, há também um projeto que propõe multar usuários de drogas ilícitas, colocando a Guarda Civil Municipal no papel de polícia moral. Além de gerar dúvidas sobre sua constitucionalidade, a proposta ignora a necessidade de políticas de saúde e redução de danos. Mas sobrou tempo também para “arte”, quando, no auge da polêmica envolvendo a venda de áreas verdes pela prefeitura, o vereador Duda Sanches resolveu usar trechos de canções de Gilberto Gil na tentativa de ironizar as críticas do cantor ao leilão de um terreno na encosta da Vitória. Ao menos, virou meme, dos bons.
Onde esquerda e direita se encontram
Uma coisa é certa: horas e horas de discussões foram gastas para polir o verniz de um conservadorismo que acredita que palavras ofensivas são mais perigosas que ruas esburacadas. A ironia do destino fez questão de expor: a tal Rua Olavo de Carvalho se cruza justamente com a Rua Karl Marx, fundador do socialismo científico. No bairro do Doron, as duas mostram que, seja direta ou esquerda, o asfalto gasto é o mesmo.
As ruas realmente não foram deixadas em paz. Foi um tal de rebatizar sem fim. A Praça Visconde de Cairu, por exemplo, virou Maria Felipa, ao menos uma evolução: não ganhou o toque de Califórnia tropical como o prometido no projeto de 2023, que pretendia transformar a Alameda Catabas em Beverly Hills.
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.