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Criação de Secretaria do Mar levanta suspeitas sobre intenções políticas
Secretaria do Mar foi anunciada na última segunda-feira (10) pelo prefeito Bruno Reis
Foto: Secom/Valter Pontes
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 13 de março de 2025
O mar de Salvador ganhou uma secretaria para chamar de sua. Não um setor para resolver suas demandas mais pessoais e burocráticas, mas uma pasta municipal para tratar de políticas e ações que tirem proveito dele para a cidade. Afinal, a capital é dona da maior costa marítima do país, com uma baía de água morna e um quente potencial econômico e turístico. Mas nem todos enxergaram a novidade com o mesmo entusiasmo.
Óleo no motor
O anúncio da criação da nova foi feito pelo prefeito Bruno Reis nesta segunda-feira (10), com a apresentação de Andrea Mendonça como nome que comandará a secretaria. O objetivo, segundo o gestor, é transformar o potencial náutico da cidade em motor econômico, impulsionando turismo, eventos e a indústria do mar.
Nos microfones da Rádio Metropole, por exemplo, as reações foram imediatas entre os ouvintes. “Qual a justificativa para criar essa pasta? Qual será seu orçamento? O que ela pode fazer que outras secretarias, como as de Turismo e Meio Ambiente, não poderiam?”, perguntaram alguns.
À deriva no mar
As críticas chegaram também à oposição, que aponta que a pasta foi criada por decreto, sem orçamento próprio e sem estrutura definida. Nesses casos, não é preciso passar pela aprovação da Câmara de Vereadores, foi o que aconteceu. No final das contas, significa que a Secretária do Mar não tem status de secretaria, é algo muito mais simbólico, que será alimentado com o remanejo de cargos dentro da estrutura já existente na gestão municipal. Pelo menos por enquanto, porque pode ser que, no orçamento de 2026, a prefeitura peça a aprovação da Câmara e crie uma estrutura própria para a pasta.
Acordos à vista?
As críticas da oposição têm, na verdade, relação com a escolha do nome e do partido que ficará à frente da secretaria. Isso porque Andrea Mendonça é ex-vereadora e ex-secretária de Cultura e Turismo, mas também irmã do deputado federal e presidente do PDT na Bahia, Félix Mendonça Jr. A decisão só reforça os rumores de que a pasta tem menos a ver com o desenvolvimento marítimo e mais com um movimento para acalmar aliados, já que a sigla, aliada do prefeito, vem flertando com o grupo do governador Jerônimo Rodrigues.
O prefeito nega motivações políticas na decisão. Foi até taxativo: “não tem a ver com isso”. “O PDT é parceiro de primeira hora. Temos minha vice-prefeita, agora Andrea, que já estava na gestão e continua, além de Décio Martins, que também segue agora ocupando um espaço ainda mais importante. A relação com o PDT é a melhor possível”, completou. No fim das contas, a Secretaria do Mar pode ser tanto um novo motor para a economia quanto um barco à deriva, dependendo de como será estruturada e do real interesse sobre ela.
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