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Movimentação em torno da presidência da Alba alça duas mulheres ao comando do Legislativo baiano

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Movimentação em torno da presidência da Alba alça duas mulheres ao comando do Legislativo baiano

Ivana Bastas viu a pista livre para se tornar a primeira mulher na presidência da Alba, após o STF barrar Adolfo Menezes, e, de quebra, a primeira vice será a deputada petista Fátima Nunes

Movimentação em torno da presidência da Alba alça duas mulheres ao comando do Legislativo baiano

Foto: ALBA/João Valadares

Por: Jairo Costa Jr. no dia 13 de março de 2025 às 07:23

Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 13 de março de 2025

Tudo aconteceu por causa de uma lambança, daquelas que parecem saída de outro satírico episódio da Sucupira de O Bem Amado, clássico do baiano Dias Gomes. Explique-se: em março de 2024, o então presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), deputado Adolfo Menezes (PSD), entrava na reta final de sua passagem de quatro anos à frente da Casa, quando parlamentares aliados do dito, sabe-se lá se insuflados por ele ou por iniciativa pessoal, resolveram desfazer o que tinham feito antes e arrumaram apoio maiúsculo para derrubar uma emenda constitucional que impedia a segunda reeleição para o comando do Legislativo Estadual. Curiosamente, fruto de proposta de autoria do próprio Adolfo.

Aí cabe um flashback nesse roteiro rocambolesco. Há pelos menos dois anos, a deputada Ivana Bastos, correligionária de Adolfo, gastou salivar e suor na tentativa de construir uma candidatura alternativa para a presidência da Alba e assegurar consenso entre os pares para que a Casa tivesse, pela primeira vez, uma mulher no controle. Não conseguiu. Uma vez sepultada a emenda de Adolfo e aprovada a PEC que liberava seu terceiro mandato por 56 votos a 2, o comandante-em-chefe da Assembleia começou a receber adesões dos mais variados partidos, tanto da base quanto da oposição. Pavimentava-se assim a pista que o alçaria novamente ao topo de Poder Legislativo na Bahia.

Com o cenário consolidado para a permanência de Adolfo, deu-se início a um duelo fratricida entre o PT e o PSD pela primeira vice-presidência da Alba. De um lado, estava o líder da base aliada na Casa, o petista Rosemberg Pinto; do outro os cardeais do PSD, que bateram pé firme para que o segundo posto na hierarquia da Assembleia ficasse nas mãos do partido. Afinal, era grande a chance de que o assunto parasse no Supremo, onde já existe entendimento formado contra a segunda reeleição no Legislativo. Foi assim que Ivana garantiu para ela a primeira vice.

Como se vivessem em Nárnia, os parlamentares levaram o absurdo com precedente adiante e elegeram Adolfo novamente em 3 de fevereiro deste ano. Agora, de modo quase unânime, com 61 votos a favor e um contra, o do deputado Hilton Coelho (Psol), que ingressou no Supremo para impedir a permanência do presidente reeleito. Não deu outra. Relator do processo na Corte, o ministro Gilmar Mendes acatou o pedido e afastou Adolfo do cargo por meio de liminar concedida sete dias após a vitória dele em plenário. Duas semanas depois, a Segunda Turma do tribunal ratificou a posição do relator. Game over para Adolfo.

Dessa forma, um tanto enviesada, já que a decisão não exigia novas eleições e o Regimento Interno da Assembleia é omisso quando há vacância no cargo, Ivana viu a pista livre para se tornar a primeira mulher na presidência da Alba. De quebra, a primeira vice será a deputada petista Fátima Nunes. Por ironia do destino, a Casa terá uma inédita dupla feminina nos postos mais importantes da Mesa Diretora do Legislativo baiano. Fala-se em eleição simbólica no próximo dia 18 para dar um ar de legitimidade à sucessão de Adolfo, mas a conta está fechada.