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Após décadas de incertezas, o Cine-Teatro Jandaia pode se tornar novo epicentro de cultura e arte da capital baiana
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Após décadas de incertezas, o Cine-Teatro Jandaia pode se tornar novo epicentro de cultura e arte da capital baiana
Na última semana, o presidente do Cortejo Afro anunciou que o espaço deve se tornar a sede do grupo
Foto: Metropress/Gabriela Barroso
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 12 de dezembro de 2024
Nem de longe as paredes gastas e as janelas quebradas de hoje lembram a importância e imponência de antes. É preciso um olhar muito atento e uma memória afiada para reconhecer no prédio abandonado entre a esquina da Ladeira Alvo e a Avenida José Joaquim Seabra o antigo Cine Teatro Jandaia. Aos mais novos, haja esforço para imaginar que por ali já se apresentaram grandes estrelas - como Carmem Miranda, Dalva de Oliveira, Grande Otelo, Elis Regina, Riachão - e que aquele espaço, hoje tomado por vegetação, infiltração e material desgastado, já atraiu milhares de baianos para se deliciar com filmes que iam da comédia aos religiosos mais clássicos.
Vai ser preciso também um pouco de esforço para imaginar aquele prédio revitalizado, mas isso não deve ficar apenas na imaginação. Na última terça-feira (3), o fundador do Cortejo Afro, Alberto Pitta anunciou, em uma visita com o diretor do IPAC, Marcelo Lemos, que, depois de muito tempo sem destino certo, o antigo Jandaia vai se transformar na sede do grupo. A expectativa, segundo ele, é que já neste verão os ensaios do cortejo sejam realizados no teatro. “Sabemos das dificuldades para isso acontecer, dificuldade financeira, de apoio, de compreensão da importância de tudo aquilo. Mas, por outro lado, nós tivemos, ano passado, uma reunião com a participação dos maiores blocos afro e afoxés, e o governador Jerônimo Rodrigues se comprometeu textualmente”, disse Pitta, destacando que o governador havia colocado a Conder à disposição.
Apesar da expectativa, Pitta reconhece que apenas interesse e desejo não são o suficiente. É preciso uma definição sobre o início dos trabalhos. De acordo com ele, ao menos 400 caçambas de entulho devem ser retiradas do local para que ele possa abrigar não só a sede do cortejo, mas um espaço para a cidade, com iniciativas voltadas para a arte e o empreendedorismo.
Foto: Metropress/Gabriela Barroso
Cheio de vitrais coloridos, o Cine-Teatro chegou a ser o primeiro do Nordeste a exibir filmes com sons, mas seu auge aconteceu mesmo entre os anos 1930 e 1960. Anos depois, essa glória que encantava a sociedade soteropolitana decaiu, principalmente após as ações de Francisco Pithon, que reformou e modernizou outros cinemas de rua, como o Cinema da Bahia, O Guarany, O Tamoio, O Tupi.
Em 2016, o imóvel foi doado ao Estado, mas nenhum projeto foi adiante. Muito pelo contrário, ele viu a região da Baixa dos Sapateiros entrar em harmonia com seu estado de abandono e decadência. Por isso, para nomes como o cineasta Bernard Attal, empenhado na recuperação de imóveis históricos, a mudança do Jandaia é simbólica, porque ela pode ajudar a revitalizar também boa parte da região.
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