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Deixados de lado: Concessão de novos quiosques da orla de Salvador leva frustração e incerteza a comerciantes
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Deixados de lado: Concessão de novos quiosques da orla de Salvador leva frustração e incerteza a comerciantes
Na última terça (26), a prefeitura abriu licitação para selecionar a empresa responsável pelos 34 quiosques e 70 tendas em construção
Foto: Metropress/Danilo Puridade
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 28 de novembro de 2024
“Um assassinato à cultura da praia”. A declaração é forte, especialmente em uma cidade tão praiana como Salvador. Mas é assim que barraqueiros e ambulantes encaram a concessão da orla, por 30 anos, a uma única empresa privada.
Eles, que passaram os últimos 14 anos apenas sobrevivendo à derrubada das barracas e ao abandono da região, viram a preocupação se multiplicar com um projeto que teoricamente deveria trazer de volta a orla entre Boca do Rio e Patamares para a economia e o lazer da cidade, mas que, na verdade, vai entregá-la à iniciativa privada. Na última terça (26), a prefeitura abriu licitação para selecionar a empresa responsável pelos 34 quiosques e 70 tendas em construção.
Essa licitação já é vista por barraqueiros, como Domingas Conceição, como a continuação do apagamento de uma categoria e uma cultura. Vice-presidente da Associação de Barraqueiros das Festas Populares do Estado da Bahia, ela é uma das trabalhadoras que teve seu negócio destruído em 2010 e acredita que não há sinal de preocupação com qualidade de vida e a empregabilidade dos vendedores da praia.
“Derrubar ou substituir o trabalho dos barraqueiros de longa data por esses quiosques, sem a garantia de que teremos um espaço nisso, é um apagamento da história e supressão da nossa labuta. Não há nenhum sinal de interesse do poder público em fazer um projeto que melhore a dos barraqueiros e vendedores ambulantes”, diz.
A falta de garantias citada por Domingas é vista no próprio edital de licitação. O documento cita que a futura concessionária deve dar preferência aos vendedores cadastrados, mas garante e chega a mencionar que a empresa terá “ampla liberdade na formulação de suas estratégias de negócio”. Esse é um outro receio da categoria, que essa estratégia seja transformar a orla em algo gourmetizado, imitando outras cidades e espécies de MC’Donalds nos quiosques. Antiga liderança dos barraqueiros, Carlos Augusto demonstra frustração com o futuro da orla e cobra atenção aos vendedores nativos. “Como é que pode o cara pegar uma obra que é para o Rio de Janeiro? A nossa orla é a nossa orla, da Bahia, de Salvador”, diz.
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