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Tradicional monumento do CAB, o Prédio da Balança passa por medida paliativa para impedir desabamento

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Tradicional monumento do CAB, o Prédio da Balança passa por medida paliativa para impedir desabamento

O prédio foi projetado em 1974, pelo arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, trazido pelo então secretário de Planejamento, Ciência e Tecnologia, Mário Kertész, no governo de Antonio Carlos Magalhães

Tradicional monumento do CAB, o Prédio da Balança passa por medida paliativa para impedir desabamento

Foto: Metropress

Por: Luanda Costa no dia 17 de outubro de 2024 às 00:55

Reportagem publicada originalmente no Jornal Metropole em 17 de outubro de 2024

Hoje, diante da ameaça de desabamento, parece até ironia, mas não é. O Prédio da Balança, como ficou conhecido o Centro de Exposições do Centro Administrativo da Bahia (CAB), recebeu esse nome pelo seu formato. Quase inteiramente suspenso 5 metros acima do solo, o edifício em concreto bruto tem duas torres laterais, de onde partem balanços simétricos invertidos e tirantes que ajudam na estabilidade da estrutura. Deveria marcar a entrada do CAB, com um recado de justiça e equilíbrio aos homens públicos. Não é bem assim.

Hoje, um concreto bruto que balança, o prédio é um clássico da arquitetura brutalista, considerado por muitos uma obra de arte. Foi projetado em 1974, pelo arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, trazido pelo então secretário de Planejamento, Ciência e Tecnologia, Mário Kertész, no governo de Antonio Carlos Magalhães. Na finalização da obra, poucos acreditavam que o prédio ficaria suspenso. Lelé e Mário Kertész então se colocaram embaixo do monumento quando foram retiradas sustentações. E aquele tanto de concreto se manteve firme.

A firmeza já não é a mesma. Ameaçado de desabamento, o edifício passou por uma obra de escoramento emergencial, com dispensa de licitação. A medida paliativa não garante que ele se mantenha de pé, afinal, há pelo menos 17 anos ele apresenta sinais de comprometimento. Ao Jornal Metropole, a Superintendência de Patrimônio (Supat) informou que “realizou a escora para fazer a troca dos tirantes de aço”. A medida orçada em R$ 1,7 milhão seria necessária para o reparo final que custará R$ 10 milhões. Segundo a Secretaria de Administração, agora será iniciado o procedimento licitatório para a disputa de preço e seleção da empresa responsável.

O antropólogo Roberto Costa Pinho não tem dúvidas de que a causa fundamental do reparo é o abandono. Para ele, o prédio, onde deveria haver uma exposição permanente sobre a história do CAB, é um portal de entrada também para a memória de Salvador e do Brasil. “O que precisa de escoramento é a mentalidade das pessoas. Se um prédio de tamanha importância precisa dessa obra, significa que algo muito anterior já desabou. O Prédio da Balança está mergulhado em uma questão urbanística de preservação da história”, comenta Pinho.