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Falsos equipamentos e atuação de médicos nas redes sociais expõem dilema ético na Saúde
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Falsos equipamentos e atuação de médicos nas redes sociais expõem dilema ético na Saúde
Caso de atores se passando por médicos, que repercutiu neste ano, jogou luz aos problemas enfrentados na publicidade da área da Saúde
Foto: Reprodução/Redes Sociais
Reportagem publicada originalmente no Jornal Metropole em 19 de setembro de 2024
Com a promessa de monitorar a glicose sem precisar furar o dedo, um aparelho pequeno e moderno da Siemens vem fazendo sucesso na internet, mais especificamente em uma página com identidade visual do Mercado Livre. Há até cenas do apresentador Ratinho e do médico Drauzio Varela indicando o produto. O que nem todo mundo sabe, pelo menos até comprar, é que o produto não existe e os vídeos foram feitos por Inteligência Artificial. Não passa de um golpe ardiloso, que expõe como nem mesmo a área da saúde é blindada dos criminosos e da carência de ética.
Na página do ReclameAqui, uma série de compradores deixaram sua indignação após perceberem o golpe. A própria Siemens se pronunciou afirmando que o produto chamado de GlicoMax não faz parte de seu portfólio e estão usando a marca sem autorização. Esse caso se une a tantos outros, como o dos atores que se passavam por médicos em peças publicitárias para vender medicamentos sem registro da Anvisa, e prova que o que anda falando mais alto na saúde é o mercado. E, como se o caos já fosse pequeno, se juntam nessa briga contra a ética os próprios médicos.
Em 2023, o Conselho Federal de Medicina ampliou as possibilidades de divulgação do trabalho médico nas redes sociais. Foram três anos até a definição da lei que permite, entre outras coisas, que médicos divulguem nas redes sociais seu trabalho ou os equipamentos. O cenário que já não era bom, ficou pior ainda, um verdadeiro show de bizarrices. Tem médico se promovendo como medalhista de ouro na categoria “deixar a periquita mais bonita”; outro oferecendo injeções hormonais como um presente para o Dia dos Pais; há ainda aqueles que, com sede de viralizar, gravam vídeos sugerindo antidepressivos que “não precisam de receita”. E até os que ensinam a ganhar dinheiro aplicando testosterona.
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina da Bahia, Otávio Marambaia, a nova resolução apenas se adaptou à realidade das mídias sociais. No entanto, o médico admite que a proliferação de anúncios insensatos infestam as redes: “Essas têm sido causas frequentes de denúncias ao Conselho: fórmulas mágicas, tratamentos que não têm nenhum efeito colateral, cirurgias que são sempre perfeitas”.
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