O Corneteiro Lopes e seu sagrado migué: Especial lembra personagens importantes para o 2 de Julho

Reportagem publicada originalmente no Jornal Metropole em 29 de junho de 2023

Para fecharmos esta série especial sobre o 2 de Julho, em seu bicentenário, não podíamos deixar de recontar a história fabulosa do Corneteiro Luís Lopes. Incrível, com certeza. Se fosse num filme, julgaríamos o roteirista exagerado. Mas, a saga que começou com música, vide a morte de Tambor Soledade em Cachoeira, tinha mesmo que também encerrar-se musical, como numa verdadeira ópera mestiça. Do tambor à corneta. Questão de vocação de nossa terra.

O caso é sabido de todos. Na épica Batalha de Pirajá, estando as tropas brasileiras em posição e número desfavoráveis, o Comandante Barros Falcão ordenou o providencial recuo. Só que, no momento de comunicar a ordem, o corneteiro (sabe-se lá o motivo) tocou, em vez de recuar, “avançar, cavalaria”, seguido do toque de “degolar”. Foi o que bastou para confundir o exército português e forçar sua desistência. Ou seja, nosso tiro de misericórdia não foi um tiro, foi música. Ganhamos no migué.

Um português

Claro que há controvérsias históricas na narrativa do fato. Mas, em seu diário, D. Pedro II registrou o que ouviu do Barão de Cajaíba, quando visitou Pirajá em 1859. Isto é, que vencemos graças a "um corneta trânsfuga português que descompunha, por meio de toques, o exército lusitano etc etc etc”. Sim, o Corneteiro Lopes era português, mas lutou ao nosso lado.

Em 2003, o cineasta Lázaro Faria lançou o curta “O Corneteiro Lopes”. No álbum “OXEAXEEXU” (2021), a banda BaianaSystem incluiu a música “Corneteiro Luís”, também inspirada na fascinante história de nossa vitória.