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Em 1995, Wagner e filho de ACM comemoravam aniversários juntos em Salvador
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Em 1995, Wagner e filho de ACM comemoravam aniversários juntos em Salvador
Mesmo rivais, o ex-deputado federal Luís Eduardo Magalhães e o petista sabiam separar posicionamentos ideológicos da amizade cordial

Foto: Arquivo pessoal
Reportagem publicada originalmente no Jornal da Metropole em 30 de junho de 2022
É possível um político de esquerda e outro de direita serem amigos e comemorarem o aniversário juntos? No atual contexto político do país é bem improvável. No entanto, isso ocorreu há 27 anos, em Salvador. Em 1995, o hoje senador Jaques Wagner, do PT, celebrou os seus 44 anos ao lado do então deputado federal Luís Eduardo Magalhães (1955-1998), filho do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007), adversário político histórico do petista.
Os dois nasceram no mesmo dia e mês: 16 de março. Luís Eduardo, no entanto, era quatro anos mais jovem do que o futuro governador da Bahia. Naquele ano de 1995, o filho de ACM comemorava 40 anos e convidou Wagner para a sua festa.
“Vamos lá na Casa do Comércio para os meus 40 anos, Jaquito”, disse Luís Eduardo. Wagner se esquivou, oferecendo uma contraproposta: “Não dá, Luís. Não é seu aniversário. É um ato político. Eu estou entendendo que você está numa caminhada para o governo do estado em 1998. Não dá para eu ir, porque não faz parte. Mas se você quiser, Fatinha, no sábado, vai comemorar meu aniversário lá no play, no salão de festa que eu moro”.
Para a surpresa de todos, principalmente dos petistas presentes, Luís Eduardo realmente apareceu na confraternização de Wagner, no play do prédio que ficava na Rua Barão de Loreto, na Graça.
O deputado chegou quase meia-noite, acompanhado da sua esposa, Michelle Marie Magalhães, e de amigos.
Civilidade
“Sentamos lá e ficamos batendo papo. Aí Fatinha mandou trazer o bolo e disse: ‘vamos cantar parabéns para os dois aniversariantes’. Teve um ou outro do PT que disse: ‘aí já está pedindo demais. Não vou cantar parabéns para esse cara’. E se picou, mas foi um negócio muito engraçado. Guardei muitas fotos. Era um ambiente diferente. Ele estava no meio de uma porção de petistas”, relembrou Wagner.
Os dois piscianos mantiveram a amizade até a morte de Luís Eduardo, em 21 de abril de 1998. O filho de ACM seria candidato a governador da Bahia naquele ano, mas não resistiu a um infarto fulminante, que o levou aos 43 anos de idade. Em 2006, Wagner ocuparia o cargo máximo no Palácio de Ondina que o amigo nem sequer chegou a disputar.
“A gente sempre soube separar bem a amizade, o carinho e o respeito pessoal, das diferenças políticas. Acabou que construímos uma relação muito construtiva. E, infelizmente, ele foi embora muito cedo. Acho que daria uma contribuição grande para a Bahia e o Brasil”, diz Wagner
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