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Fiesta Bahia Hotel vai encerrar atividades; a principal questão é quando

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Fiesta Bahia Hotel vai encerrar atividades; a principal questão é quando

A crise do setor turístico de Salvador não é novidade há bastante tempo. O último levantamento da Associação de Hotéis da Bahia mostrou que, em dois anos, 12 deles fecharam as portas. E uma notícia agrava ainda mais o problema. Há 22 anos na capital, o Fiesta Bahia Hotel, um dos maiores da cidade, vai acabar [Leia mais...]

Fiesta Bahia Hotel vai encerrar atividades; a principal questão é quando

Foto: Tácio Moreira/Metropress

Por: Bárbara Silveira no dia 14 de julho de 2016 às 06:00

A crise do setor turístico de Salvador não é novidade há bastante tempo. O último levantamento da Associação de Hotéis da Bahia mostrou que, em dois anos, 12 deles fecharam as portas. E uma notícia agrava ainda mais o problema. Há 22 anos na capital, o Fiesta Bahia Hotel, um dos maiores da cidade, vai acabar. 

O Jornal da Metrópole apurou que o encerramento das atividades já foi anunciado internamente pelos diretores da empresa e aconteceria em agosto, mas foi adiado para novembro. Apesar de afirmar que a decisão ainda não é unânime entre os 12 sócios do empreendimento — não confirmando, portanto, o fechamento —, o gerente-geral do Fiesta, Carlos Vicente Pugliese, explica que a investigação da Metrópole tem fundamento. “A ideia é essa mesmo, exatamente a informação que você tem: fechar em função dos inúmeros prejuízos”, esclarece.

Com 244 apartamentos e 14 andares, o Fiesta amarga um prejuízo anual de R$ 3,6 milhões causados pela baixa procura e tenta cortar na própria carne para se manter de pé mais alguns meses. “Foram retirados até os mensageiros, que também atuavam como chofer. Os hóspedes estão reclamando bastante por conta disso”, contou um funcionário que pediu anonimato. 

“É possível que a gente funcione até o carnaval”, afirma diretor do Fiesta
Mesmo ressaltando que a escolha ainda não foi tomada, o gerente da unidade afirma que os esforços estão sendo concentrados para garantir o funcionamento até a alta estação — dando indícios de que a principal pendência seria decidir quando o fechamento irá acontecer. 

“É possível que a gente vá até o Carnaval, dia 28 de fevereiro. Essa ideia é proposta por um sócio. A gente tem outros 11 que podem, por diversos motivos, tomar a decisão de não fechar. Mas a tendência é essa mesmo [de fechar]”, relata o diretor do Fiesta Bahia Hotel.

Adeus também ao Fiesta Convention Center
As acomodações não serão as únicas a serem extintas. O Fiesta Convention Center, destinado à realização de eventos com três salões, um pavilhão de feiras, uma boate e um terraço, também acabará. 

Já sem o Centro de Convenções — fechado em 2015 para obras de revitalização e prometido para o fim do ano —, o turismo empresarial da cidade fica ainda mais desfalcado. “Já fiz todo um estudo de viabilidade. Não é viável para a gente manter o Convention Center [sem o hotel]. Os custos são muito altos. Entraríamos em outra linha de prejuízo”, disse Pugliese.  

Prefeitura soube por “email de uma pessoa”
O secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Érico Mendonça, afirmou que soube da situação de um jeito bem informal.  “Por acaso, soube hoje, por uma pessoa que me mandou e-mail, dizendo que tinha um grande hotel no Itaigara [encerrando atividades]. Imagino que seja o Fiesta. Formalmente ainda não sei de nada”, afirmou. 

A associação Salvador Destination e o Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Bares, Restaurantes e similares (Sindhotéis) também dizem desconhecer oficialmente a situação.

Mais de 400 desempregados
Com a atividade turística representando mais de 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia, movimentando cerca de R$ 8 bilhões e garantindo 950 mil empregos, o fechamento do Fiesta impacta diretamente na economia de Salvador, causando cerca de 400 demissões entre funcionários diretos e indiretos. Além disso, o hotel finalizaria o contrato com 28 empresas que atuam como fornecedoras e outras sete na área de serviços terceirizados.

Outros 3 devem fechar até fim do ano, prevê setor
Apesar de não confirmar o fechamento do Fiesta, Roberto Duran, diretor de Relações Institucionais do Salvador Destination, afirmou que até o fim de 2016, algumas unidades hoteleiras deixarão a cidade. “A totalidade dos hotéis está trabalhando no vermelho. Se uma empresa trabalha tirando do seu caixa, uma hora isso se estrangula. Pelo menos três hotéis temos a expectativa de que podem fechar”, adiantou. 

O Hotel Pestana é o exemplo mais emblemático desse processo iniciado em 2013 com os primeiros impactos da recessão econômica e agravado pela expectativa criada — e não concretizada — pela Copa do Mundo de 2014. Como legado do Mundial, os 23 andares e 433 apartamentos fecharam as portas em fevereiro de 2016. 

E, assim como o turismo, pelo visto, o comprometimento do Pestana com a Bahia também não anda em boa fase. Em março desse ano, governo e Prefeitura afirmaram à Metrópole que esperavam o grupo português apresentar um projeto definitivo para o equipamento. Quatro meses se passaram e nada de projeto.

Convento por um triz
Outro a fechar as portas  pode ser o Pestana Convento do Carmo. O gerente da unidade, Victor Veiga, negou o fechamento, mas disse que somente o marketing do grupo pode falar sobre a situação financeira. O setor, porém, não se posicionou. 

Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Bares, Restaurantes e similares (Sindhotéis), José Ramos afirma que a baixa ocupação é fato. “Já há a pretensão de fechar há muito tempo, porque a ocupação é muito pouca e na baixa estação não tem praticamente hóspede nenhum”, relatou.

“Pestana não desistiu”
Apesar da aparente inércia do Grupo Pestana, o secretário de Turismo de Salvador, Érico Mendonça, garante que eles não desistiram da unidade do Rio Vermelho. “Estão na identificação de um parceiro do projeto novo. Ainda não identificaram quem seria. Mas eles não desistiram da proposta original”, explica o secretário. 

Procurada pelo Jornal da Metrópole, a direção do Pestana sequer respondeu aos questionamentos sobre o descumprimento do prazo e futuro do empreendimento.

Ouça o áudio da matéria: