
Desespero pela hegemonia
Os EUA tentam tudo, porque estão em jogo o seu futuro e posição no planeta. E nós, latino-americanos, vamos bestamente vendo as bolsas nos noticiários

Foto: Reprodução
Na lista de tarifas impostas por Donald Trump aos parceiros comerciais dos Estados Unidos, a Rússia ficou inicialmente de fora
Vejo todo esse quadro sem nitidez, mas dou muita importância a esse ponto que é a presença de fatores geopolíticos em toda essa confusão originária da política americana, até anteriormente a Trump. Joe Biden foi o construtor principal nos últimos anos de tudo o que está acontecendo agora. Trump veio e fez um acréscimo - naturalmente trampista com toda essa maluquice pelo menos aparente típica do sujeito é.
Essa confusão tem a ver diretamente com o interesse americano, movido sobretudo por medo de ver a sua hegemonia (já enfraquecida) derrubada. Tudo isso tem a ver com o propósito de atingir a China, para que o movimento contra esse país não representasse algo tão forte, tão objetivamente dirigido aos chineses. Seria uma declaração de guerra praticamente se ele lançasse essa tarifação estritamente sobre a China. Estender essa tarifação a outros países atenua o ato e aproveita a oportunidade para acertar as contas com muitos países.
Nesse propósito de uma cobertura, cada um entrou para disfarçar um pouco o que era feito pelo vizinho, o que explica, por exemplo, um país pequeno como Lesoto, que é um território autônomo dentro da África do Sul, receber uma pedrada de 49% no aumento da sua tarifação nos Estados Unidos. Vietnã e Camboja são outros entre os mais taxados. É de uma falta de senso inacreditável.
O objetivo efetivo é dos Estados Unidos no caso, não seria nem só de Trump. A fórmula pode ser dele, mas o objetivo é do poder americano contra a China. E isso começa lá com Biden, que usando a mão de gato da Ucrânia que se lançou numa guerra contra a Rússia e as provocações sobre a China utilizando Taiwan. Tudo isso por evidente medo, desespero até, da perda da hegemonia, que já não é propriamente uma hegemonia, é um restante de poder mundial, sob contestação.
Os Estados Unidos naturalmente tentam e tentarão tudo, porque estão jogando o seu futuro e posição no planeta. E nós, latino-americanos, vamos bestamente olhando, vendo as bolsas subindo e descendo nos noticiários, como se o que importa fosse a bolsa e não a geopolítica.
*A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras
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