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Ary Barroso: Ubaiano da Baixa do Sapateiro

Ary Barroso: Ubaiano da Baixa do Sapateiro

Curiosamente, mesmo com todo esse currículo e serviço prestado à cultura local, não há nenhum monumento a Ary Barroso em Salvador — onde até Stefan Zweig e Luiz Zamenhof têm seus bustos em pontos marcantes

Ary Barroso: Ubaiano da Baixa do Sapateiro

Foto: Reprodução

Por: James Martins no dia 07 de novembro de 2024 às 00:04

Ary Barroso faria 121 anos hoje. Mineiro de Ubá, o compositor ganhou a alcunha de "ubaiano" pela grande quantidade de canções que dedicou à boa terra. E, o mais surpreendente, a maioria delas feita antes dele ter pisado aqui pela primeira vez, o que só aconteceu no dia 2 de dezembro de 1940, quando já eram sucesso músicas como "Bahia" ("Bahia, terra do coco babaçu..."), "Batuque", "Terra de Iaiá", "Nega Baiana", "No Tabuleiro da Baiana", "Quando Eu Penso na Bahia" e a mais famosa de todas, "Na Baixa do Sapateiro", aquela que projetou o nome do estado no exterior, como trilha sonora de um filme de Walt Disney, e que, por isso mesmo, os gringos conhecem apenas como "Bahia".

Diz-se que, quando João Gilberto estava gravando seu primeiro LP, encontrou por acaso o mestre já consagrado num bar do Rio de Janeiro. E que Ary, trêbado (polindo a cirrose hepática que o mataria em 9 de fevereiro de 1964), se aproximou do cantor iniciante e deu o conselho em tom de ordem: "Não deixe ninguém dizer o que você deve fazer. Só faça o que você quiser". No ano anterior, 1958, ele próprio já tinha gravado um disco com o pai da baianidade, Dorival Caymmi, se aproximando ainda mais da terra-mãe do Brasil. Curiosamente, mesmo com todo esse currículo e serviço prestado à cultura local, não há nenhum monumento a Ary Barroso em Salvador — onde até Stefan Zweig e Luiz Zamenhof têm seus bustos em pontos marcantes da cidade como o Porto da Barra e o Largo de São Bento.

Na verdade, há uma lei municipal, lá de 64, determinando a construção de um monumento a Ary no Largo de São Miguel, na Baixa dos Sapateiros. Em meio às discussões sobre formas de revitalizar a região, esse talvez fosse um marco simbólico importante. Pode ser feito num 2 de dezembro, eleito Dia do Samba pela ocasião já citada, transferindo para ali o tradicional cortejo.

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