Saúde
Presidente da Federação Mundial de Associações de Saúde Pública defende lockdown efetivo no Brasil
Luis Eugenio Portela diz que governo federal precisa viabilizar auxílio emergencial eficaz para a população
Foto: Metropress
O presidente da Federação Mundial de Associações de Saúde Pública (WFPHA-World Federation of Public Health Associations em inglês), dr. Luis Eugenio Portela, defendeu a adoção de medidas restritivas mais severas para conter o avanço da Covid-19 de maneira desenfreada no país. Em entrevista a Mário Kertész hoje (22), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole, o médico pontuou que outros países lidaram melhor que o Brasil na pandemia.
"Alguns países do mundo estão lidando razoavelmente bem com a pandemia. Teoricamente tem um elemento de imprevisibilidade, mas não absoluto. Vários sanitaristas e a própria organização mundial da saúde e o então diretor-geral Ban Ki-moon, com a epidemia da ebola, nos próximos anos poderiam estar ocorrendo uma pandemia desse tipo. Infelizmente o mundo não se preparou para isso, outras prioridades e outros problemas foram tomando a cena. No momento em que ocorreu no final de 2019, a China, depois de alguma oscilação e dúvida, assim que constatou o grau de transmissibilidade do vírus, adotou medidas firmes, que a velha e boa vigilância epidemiológica recomenda há décadas", disse o gestor.
Ainda de acordo com o médico, que possui mestrado em Saúde Comunitária, o que ocorreu no país foi reflexo do descontrole do coronavírus. "Nós tivemos tempo para nos preparar. O primeiro caso só ocorreu aqui no final de fevereiro, quando um turista chegou da Itália. Neste momento, já era para termos tido essas medidas que a vigilância epidemiológica recomenda e o SUS sabe fazer. Infelizmente faltou liderança e orientação. Mesmo quando, a partir de um determinado momento, o então ministro se conscientiza da gravidade do fato e começa a tomar medidas, é claramente boicotado", afirmou o presidente da WFPHA.
Luis Eugeni defendeu um lockdown severo no Brasil e afirmou que houve uma atuação direta do governo brasileiro para propagar a doença. "No Brasil, infelizmente, a disseminação da doença e do vírus contou com a colaboração e a atuação intencional das principais autoridades da nossa república. Desde o início, governadores e prefeitos, em sua maioria, têm tido uma atitude muito corajosa e correta. Precisaríamos de fato nesse momento de um efetivo lockdown e um isolamento radical das pessoas pararem de circular. A gente sabe que, numa situação onde o país em que grande parte da população precisa buscar no dia a dia a sua sobrevivência e seu alimento, um lockdown efetivo só se viabiliza com auxílio financeiro e que as pessoas possam se alimentar e ficar em casa", declarou.
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