"Relação entre produtores e distribuidores no mercado de combustíveis é complexa", diz diretor da ANDC

O diretor-executivo da Associação Nacional dos Distribuidores de Combustíveis (ANDC), Francisco Neves, enfatizou a complexidade da relação econômica entre produtores e distribuidores no mercado de combustíveis no Brasil. Em entrevista ao Jornal da Bahia no Ar, nesta quinta-feira (27), ele esclareceu que os usineiros, responsáveis pela oferta, definem os preços, enquanto os distribuidores se veem obrigados a adquirir o produto, muitas vezes em condições que geram especulação sobre os preços.

Ele também criticou a atribuição da responsabilidade pelos aumentos de preços aos distribuidores, sem considerar a dinâmica do setor. "Nossa trajetória no setor é longa e, atualmente, a Petrobras não é a única responsável pelo refino de combustíveis. Contudo, devido à sua força econômica, ela acaba liderando o processo. No setor de distribuição, três empresas controlam mais de 60% do mercado, enquanto outras 130 disputam o restante. Ou seja, o mercado é fortemente concentrado", afirmou.

De acordo com Neves, essa estrutura econômica exige uma vigilância constante por parte dos órgãos de controle. "Embora os postos de combustíveis não sejam diretamente responsáveis por toda a cadeia, a complexidade do setor exige uma atuação cuidadosa e contínua dos órgãos reguladores. Além disso, temos as próprias agências reguladoras, que são as instituições responsáveis pela regulação econômica. No entanto, em muitas situações, essas agências se distanciam dos interesses da sociedade e, por vezes, adotam um discurso tecnocrático, voltado apenas para a ótica econômica."

Por fim, o diretor da ANDC comentou sobre a manipulação de preços e a formação de cartéis no mercado de combustíveis, um problema que já foi investigado em várias ocasiões. "A possibilidade de cartel deve ser sempre investigada pelos órgãos de controle. Em alguns casos, isso realmente ocorre. No entanto, é importante ressaltar que os combustíveis têm uma característica comum: embora existam várias distribuidoras, cada uma com sua fórmula, todas seguem um padrão de especificação. Isso gera uma semelhança natural nos preços, devido à concentração da produção na fonte, mas isso não significa que os preços sejam necessariamente iguais", concluiu.

Confira a entrevista completa: