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Aos Fatos: Presidente do CAU critica venda de áreas verdes e Câmara define líderes de Comissões

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Gestores não consideram funções que áreas verdes desempenham na cidade, diz presidente do CAU
O arquiteto ressaltou que as áreas verdes têm múltiplas dimensões de importância, como a identidade paisagística e urbanística de Salvador
Foto: Metropress
O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Bahia (CAU-BA), Tiago Brasileiro, criticou a decisão da gestão municipal de Salvador de vender áreas verdes públicas para empreendimentos privados sem a realização de estudos técnicos adequados. Em entrevista ao programa Metropole Mais nesta quarta-feira(19) ele destacou que a justificativa apresentada pela prefeitura se baseia exclusivamente no aumento da arrecadação do IPTU, sem considerar as diversas funções que essas áreas desempenham na cidade.
O arquiteto ressaltou que as áreas verdes têm múltiplas dimensões de importância, como a identidade paisagística e urbanística de Salvador. E que a cidade, com seu relevo característico de colinas, possui um patrimônio paisagístico consolidado desde sua fundação, que não pode ser reduzido a um critério de arrecadação fiscal. Além disso, ele enfatizou que essas áreas desempenham papel fundamental na preservação das encostas. "Essas áreas tem função de preservar e conservar as encostas evitando deslizamento de terra. Essas áreas são permeáveis, recebem águas da chuva e impedem que essas águas escorrem rapidamente para as áreas mais baixas minimizando alagamentos", explicou.
Tiago Brasileiro também alertou para os impactos da verticalização excessiva, prevista no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de 2016, que permitiu ocupação em áreas antes classificadas como "não edificantes". "A verticalização também foi impulsionada pelo PDDU de 2016. Antes dessa revisão, não era permitido construir prédios altos no litoral a partir do Jardim de Alah em direção a Itapuã e Stella Maris. A altura máxima era de aproximadamente 8 a 10 andares. Atualmente, não há mais limites, e edificações de até 30 andares estão sendo erguidas em locais como Jaguaribe. Essa expansão desordenada pode gerar impactos na infraestrutura e mobilidade urbana, aumentando os congestionamentos. A região da orla, por exemplo, ainda não conta com previsão de metrô, VLT ou BRT, e não há projetos em andamento para melhorar o transporte público. Apesar disso, a verticalização continua avançando, inclusive em Stella Maris", ressaltou.
O presidente do CAU-BA defendeu que é possível conciliar desenvolvimento urbano e preservação ambiental, citando exemplos internacionais, como Seul, que vem restaurando rios urbanos para melhorar a qualidade de vida. Ele afirmou que Salvador precisa distribuir melhor suas áreas verdes e garantir que sua ocupação ocorra de forma equilibrada. "Salvador tem tem bastante área verde, mas isso não está distribuído de forma equilibrada na cidade e por isso que essas áreas que ainda existem nos bairros ganham uma importância maior para que sejam preservados", conclui.
Confira a entrevista completa:
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