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"É um neofascismo e o mundo não está preparado", diz Lilia Schwarcz sobre governo Trump

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"É um neofascismo e o mundo não está preparado", diz Lilia Schwarcz sobre governo Trump

A antropóloga e historiadora também criticou a forma como o mundo vem reagindo às ações e declarações do presidente norte-americano

"É um neofascismo e o mundo não está preparado", diz Lilia Schwarcz sobre governo Trump

Foto: Flip/walter craveiro

Por: Metro1 no dia 11 de fevereiro de 2025 às 10:05

Um expansionismo territorial exagerado, a figura de um líder carismático e o uso da comunicação. Essas são as características apontadas como neofascista no governo de Donald Trump, pela antropóloga e historiadora Lilia Schwarcz. Em entrevista à Rádio Metropole nesta terça-feira (11), ela analisou os primeiros dias do governo do novo presidente norte-americano - em especial os planos anunciados por ele para a Faixa de Gaza - e criticou como o mundo vem reagindo com naturalidade a essas medidas e declarações.

“O mundo vai naturalizando, me impressiona muito como ele vai fazendo taxações e, como se fosse um jogo de dominó, os governantes vão se acomodando nessa situação. É muito impressionante o que nós estamos vivendo, é um neofascismo, tem características de neofascismo e o mundo não está preparado. Sabemos que a história tem ciclos, mas assusta muito toda vez que a gente respira um novo ciclo desse tipo”, disse Lilia, classificando o discurso de Trump com relação à Gaza como a “retórica do poder”.

“Impressiona muito o tom de voz dele, ele fala baixo, calmo, como se ele estivesse dizendo platitudes, mas está falando de criar um resort dominado pelos Estados Unidos numa região em guerra, [está falando] de uma faxina étnica, isso com uma desfaçatez”, acrescentou.

Lilia ainda explicou que os fascismos no mundo são representados por regimes políticos e ideológicos, que surgem em momentos de grave questionamento da democracia e crise econômica. “Se a gente puder definir [esses regimes], nós vamos estar em torno dessa figura do líder carismático, que se apresenta como uma solução fácil para problemas muito difíceis e também que se utiliza muito de formas de comunicação”, detalhou a historiadora. Se Adolf Hitler fez uso e investiu em uma publicidade revolucionária em sua época, Donald Trump agora faz o mesmo, “mas agora com os recursos de propaganda do nosso século, as big techs”.

“Também faz parte do discurso fascista essa ideia da expansão territorial. E Donald Trump começou fazendo isso, né? Fala que vai dominar Groenlândia, o Canadá, o Panamá, e agora a faixa de Gaza. Quer dizer, é uma retórica que se utiliza das comunicações de uma forma muito especializada”, acrescentou.

Confira a entrevista na íntegra: