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Edvaldo Brito analisa enigma de Salvador nunca ter elegido prefeito negro: tem que ir na raiz para mudar isso"
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Edvaldo Brito analisa enigma de Salvador nunca ter elegido prefeito negro: tem que ir na raiz para mudar isso"
Em entrevista na Rádio Metropole, junto ao cientista político Cloves Luiz Pereira, Edvaldo Brito comentou a eleição de 1985, primeiro pleito birracial na capital baiana
Foto: Reprodução/Samanta Leite
Edvaldo Brito e Mário Kertész protagonizaram, em 1985, a primeira eleição birracial em Salvador, cidade conhecida como a Roma Negra, mas que nunca elegeu um prefeito negro em sua história. Em entrevista à Rádio Metropole nesta segunda-feira (3), Edvaldo Brito, professor e ex-vereador, comentou esse enigma que ronda a capital baiana e outros fatores que levaram à vitória de MK naquela disputa.
Para ele, naquela disputa, Mário Kertész tinha disparadamente uma campanha competente, com o jingle “Deixa o coração mandar”, e ainda 27 minutos de programa eleitoral, frente os três minutos de Edvaldo. “Além disso, Mário tinha um passado de administrador que o credenciava. Ele era, naquele momento, a reação aos ditadores da política, tinha todos os aspectos da palavra transformação [clamada naquele período]”, acrescentou.
Mas, aliado a tudo isso, Edvaldo aponta um enigma racial como fator que influenciou o resultado. Como exemplo desse enigma ele relembra que, naquela campanha, um secretário de sua equipe combinou com a moça que trabalhava na casa dele de apresentar seu candidato. Ao mostrar a ela o santinho de Edvaldo, a mulher olhou de todos os ângulos o material e respondeu “não voto, não. Ele é neguinho como eu, que diabo ele vai fazer? Não sabe nada”.
“Se você pegar pegar 97 anos entre essa campanha e a abolição da escravatura, se você pegar quantos negros em 1958 entraram na Faculdade de direito da Universidade Federal da Bahia na minha turma, de 108 apenas 2 negro. Você explica o que é o enigma? É a educação que não tem. Nesse período de 97 anos, as universidades eram, portanto, ambientes em que não absorviam [...] Esse enigma tem tanta coisa para se falar. No caso de Mário, o que aconteceu mesmo foi uma campanha linda, uma pessoa capaz e que já havia demonstrado nos cargos que ocupou. E eu, um sujeito com três minutos [de propaganda eleitoral], que ia tentar destruir um ambiente que era esse e fora o enigma a que eu já me referi [..] tem que ir na raiz para movimentar e mudar esse enigma”, analisou.
Confira a entrevista na íntegra:
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