Presidente da SBM aponta “mercantilismo da Medicina” como raiz de fake news na saúde: "é uma estupidez"

Com a onda de negacionismo científico que tem se manifestado nos últimos tempos, em entrevista à Rádio Metropole nesta segunda-feira (4), Tufi Hassan, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), comentou o caso da médica que divulgou falsas informações sobre o câncer de mama. O médico apontou um “mercantilismo da Medicina” como a raiz para disseminação de falsas informações e comportamentos controversos por parte de profissionais da área da saúde.

“As pessoas precisam ter consciência, precisam ter ética, para falar numa rede social coisas realmente importantes do ponto de vista que não prejudiquem uma população. Isso é uma preocupação das sociedades médicas e isso tudo tem muito a ver com o mercantilismo da Medicina. Você vê que a própria doutora, no final [do vídeo divulgado], ela diz que o remédio para não se ter a doença é a utilização de hormônios. Meu Deus do céu, é uma estupidez tão grande que você não imagina. A maioria das lesões malignas da mama são classificadas em estudos imunohistoquímicos como receptor de estrógeno positivo e receptor de progesterona positivo. Se você dá esses hormônios, é como se você estivesse estimulando o crescimento, jogando o adubo no terreno fértil”, declara.

Sobre a informação divulgada pela médica e como deve ser o real tratamento para o câncer de mama, Hassan diz que o tratamento é oposto ao que foi disseminado, consistindo em fornecer medicamentos para bloquear a ação hormonal. O médico reforçou que um tratamento seguido como orientado pela mulher pode estimular a produção dos hormônios causadores da doença, levando prejuízo ao paciente. Para ele, os ganhos financeiros podem ser grandes motivadores para a conduta da profissional, que, ao final do vídeo, oferece "tratamentos alternativos". 

“O ganho financeiro dessas pessoas é muito grande. Nós temos tentado, através de tudo, inclusive do Ministério Público Federal, temos tido reuniões constantes, no sentido de também deixar isso bem atento para que essas pessoas realmente venham a ter punições e punições exemplares [...] Não podemos ficar errando porque estamos tratando de vida humana”, concluiu Tufi Hassan, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.

Confira a entrevista na íntegra: