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Anna Virgínia Balloussier: A Igreja Católica é um transatlântico, mas a evangélica é um jetski, ágil e adaptável

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Anna Virgínia Balloussier: A Igreja Católica é um transatlântico, mas a evangélica é um jetski, ágil e adaptável

Anna Virgínia Ballousier é jornalista especializada em questões sobre religião, política, eleições e direitos humanos

Anna Virgínia Balloussier: A Igreja Católica é um transatlântico, mas a evangélica é um jetski, ágil e adaptável

Foto: Metropress/Carla Astolfo

Por: Metro1 no dia 27 de setembro de 2024 às 12:49

Atualizado: no dia 27 de setembro de 2024 às 13:46

A mudança no discurso dos grupos evangélicos foi fundamental para a expansão da religião no Brasil. Antes, a Igreja Católica era extremamente dominante no país, mas nos últimos anos há uma mudança e a projeção é que, na próxima década, haja uma superação ou equidade na religião dominante do brasileiro. A explicação foi feita pela jornalista Anna Virgínia Balloussier, no programa Na Linha, nesta sexta-feira (27). Repórter especialista em religião e política, ela é autora do livro "O púlpito: fé, poder e o Brasil dos evangélicos".

“As placas religiosas tectônicas estão se movendo muito rápido no Brasil. Se a gente pensar que até os anos 1980 os evangélicos eram menos de 10%, e agora, projetando, devem ser dez vezes mais e daqui a 10, 15 anos, serão a maioria da população religiosa brasileira. É muito rápido o que aconteceu”, afirmou. Para a jornalista, esse crescimento está associado à “capacidade de adaptação ao que o fiel quer”, habilidade que a Igreja Católica ainda tem dificuldade. É como se, enquanto as igrejas evangélicas são um jetski, ágil e com fácil adaptação, a católica é um transatlântico, forte, mas com difícil manobra.

Anna Virgínia explicou que a grande mudança para as igrejas evangélicas ocorreu a partir dos anos 1980, quando há um ajuste no discurso e os grupos evangélicos passam a ingressar em diversos setores da sociedade. “Você vê uma mudança de pensamento. Um crente médio, fiel evangélico, até os anos 1980, era um cara que queria distância do mundo. ‘O mundo é coisa do diabo, o mundo é impuro, não quero me contaminar com  isso’. Aí você via o crente, por exemplo, que mudava de calçada, se ele passasse pelo carnaval. Na política, ninguém queria se envolver. Até os anos 1980, quando a gente tem a primeira bancada evangélica na Assembleia Nacional Constituinte, em que a gente tem uma assembleia para formular a Constituição”, explicou. 

A partir de então, pontua a jornalista, os pastores começam a ter uma guinada de pensamento, rompendo com a ideia de que o mundo era algo secular do diabo. É nesse período também que há o fortalecimento do televangelismo. "Você vê blocos de Carnaval evangélicos com a ideia de evangelizar. Aí vem a ideia de que você tem que estar no mundo para convertê-lo de dentro. E aí também vem a capacidade de adaptação ao que o fiel quer”, completou. 

Assista ao programa: