Reitora da UFRB critica governo Bolsonaro por "desrespeitar" tradição de nomear primeiro da lista tríplice

A reitora da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Georgina Gonçalves, foi a entrevistada da Rádio Metropole nesta segunda-feira (7). A recém empossada no cargo lembrou que foi escolhida pela comunidade estudantil para ocupar a vaga em 2019, mas sua posse não foi permitida após o então presidente Jair Bolsonaro (PL) escolher o último nome da lista tríplice.

"Tive 80% dos votos em 2019 e o conselho universitário, compreendendo o pedido da comunidade, me referendou e referendou uma lista tríplice que estava próxima aos princípios que defendemos. A comunidade, agora, confirma a disposição de quatro anos atrás, quando fui impedida pelo então governo", lembrou a reitora.

Georgina era a vice do reitor na época, Silvio Luiz Soglia, e chegou a atuar em exercício por duas semanas, até o mandato acabar. Ela foi a mais votada para comandar a UFRB entre 2019 e 2023 tanto na consulta acadêmica feita aos alunos, quanto na votação do Conselho Universitário para a lista tríplice. A lei prevê que o presidente Jair Bolsonaro pode nomear qualquer um dos três nomes apresentados, sem justificar o nome escolhido. Nos governos anteriores, no entanto, havia uma tradição do mais votado ser sempre o escolhido pelo presidente.

"Há uma tradição no governo democrático que respeita a lista. Não esperávamos tanta ousadia, tanto desrespeito. Mas, agora, no governo democrático, fui nomeada", afirmou. A posse aconteceu na semana passada. "O brasileiro soube resistir, a comunidade acadêmica soube resistir e enfrentar a afronta a nossa autonomia", acrescentou

Veja a entrevista: