Política
Lira tem apoio de bolsonaristas e parte do PT em sucessão na Câmara após retardar PL da Anistia
A decisão de adiar a tramitação do projeto visa conquistar o apoio dos dois maiores partidos da Câmara, PL e PT, para Hugo Motta (Republicanos-PB), escolhido por Lira como seu sucessor
Foto: José Cruz/Agência Brasil
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criou na terça-feira (29) uma comissão especial para analisar o projeto de anistia aos golpistas de 8 de janeiro, retirando-o da tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde poderia ser aprovado ainda esta semana.
A decisão de adiar a tramitação do projeto visa conquistar o apoio dos dois maiores partidos da Câmara, PL e PT, para Hugo Motta (Republicanos-PB), escolhido por Lira como seu sucessor, cujo anúncio oficial também foi feito na terça-feira (29).
Líderes do PT afirmam, ao jornal Folha de São Paulo, que a decisão de Lira facilita o apoio a Hugo Motta ao evitar a votação imediata do projeto na CCJ, uma vez que essa já era uma condição em negociações sobre a reforma tributária. Enquanto alguns acreditam que a comissão será adiada indefinidamente, uma parte do PT desconfia da iniciativa de Lira, considerando-a um sinal positivo para os bolsonaristas.
Embora a reviravolta tenha agradado os opositores da anistia ao tornar a tramitação mais lenta e com maiores chances de ser inviabilizada, nos bastidores, ela também envolve outros interesses. Em uma visita inesperada ao Senado, Bolsonaro revelou que a decisão de Lira foi previamente discutida com ele e aliados, sugerindo que a comissão poderia incluir uma emenda que permitiria ao ex-presidente se livrar da inelegibilidade e concorrer à Presidência em 2026.
Bolsonaro foi perguntado se sua própria anistia foi considerada como uma condição para garantir o apoio do PL a Motta na Câmara e a Davi Alcolumbre (União Brasil) para a presidência do Senado. "Tem certos acordos, não vou enganar vocês, que a gente faz no tête-à-tête, não tem nada escrito, nem passa para fora. (...) A gente conversa, poxa, na mesa [de negociação] é igual namoro, você conversa tudo, vou casar: vai ter filho, não vai ter filho, vai morar onde, o que você tem, o que você não tem", respondeu.
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