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Retorno do PP para a base do governo depende do número de prefeitos que eleger, garantem cardeais do partido

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Por Jairo Costa Júnior

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Retorno do PP para a base do governo depende do número de prefeitos que eleger, garantem cardeais do partido

Quebras de acordo no interior irritaram líderes pepistas e colocaram a legenda em rota de colisão com o União Brasil

Retorno do PP para a base do governo depende do número de prefeitos que eleger, garantem cardeais do partido

Foto: Divulgação

Por: Jairo Costa Jr. no dia 23 de julho de 2024 às 12:15

Atualizado: no dia 24 de julho de 2024 às 13:32

Apesar do desejo majoritário por parte dos cardeais do PP na Bahia, o reingresso do partido na base do governo Jerônimo Rodrigues (PT) vai depender do desempenho da legenda nas eleições deste ano, apontam líderes pepistas consultados pela Metropolítica. A avaliação é que, se o PP conseguir ao menos manter o atual número de prefeituras sob controle do partido - hoje são 50 -, as chances de reatar a aliança rompida com os petistas na sucessão estadual de 2022 crescem de maneira exponencial. "A resistência a uma eventual reaproximação com o PT vem apenas da ala ligada a João e Cacá Leão (respectivamente, deputado federal e secretário de Governo do Salvador). Ambos ainda defendem a permanência do PP  no bloco do União Brasil", confidenciou um influente cacique da legenda.

Ponta de lança
A costura para que o PP volte a fazer parte do arco de sustentação do governo do estado vem sendo conduzida pessoalmente pelo presidente da sigla na Bahia, o deputado federal Mário Negromonte Júnior, a reboque de insatisfações com a quebra de acordos relativos à montagem dos palanques no interior. O caldo engressou de vez após o ex-prefeito de Salvador e vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, declarar apoio ao pré-candidato do Republicanos a prefeito de Paulo Afonso, o médido Juliano Medeiros. O problema é que Mário Júnior nasceu em Paulo Afonso, tem o município como uma dos grandes redutos eleitorais e trabalha para emplacar Marcondes Francisco (PP) , atual vice-prefeito, no comando da cidade. 

Gota d'água
"No afã de agradar o deputado federal Márcio Marinho (presidente do Republicanos na Bahia), ACM Neto preferiu queimar pontes com o PP e inflamar ainda mais a turma que quer retortnar aos braços do PT", disparou um parlamentar com assento na Executiva Estadual da legenda. A temperatura já estava alta desde desde o esfacelamento da chamada frente ampla em Ilhéus, causada pela recusa do empresário Valderico Júnior (União Brasil) em ocupar a vaga de vice do pepista Jabes Ribeiro, ex-prefeito da cidade e secretário-geral do partido no estado. No último dia 13, Jabes desistiu oficialmente do páreo e deixou a pista livre para o galope solo de Valderico, embora um acordo firmado desde o fim de 2023 previa que a cabeça de chapa ficaria com o nome mais bem posicionado nas pesquisas até o início deste mês. 

Muro das lamentações
Deputados e dirigentes do PP ouvidos pela coluna reclamaram abertamente da relação com o União Brasil. Em resumo, dizem que a legenda perdeu muito mais do que ganhou com o desembarque da opoisão. Em março de 2022, João Leão, à época vice-governador, rompeu uma aliança de 14 anos com o PT, após alegar traição na escolha da chapa majoiritária do Palácio de Ondina para a corrida pelo governo e Senado. Leão esperava substituir o então governador Rui Costa, caso ele renunciasse ao mandato para concorrer ao Senado. Contudo, o cenário não se confirmou. Rui se manteve no cargo até o fim, Jerônimo Rodrigues (PT) liderou a chapa, Otto Alencar (PSD) assegurou espaço para se candidatar a reeleição e o PP foi substituído pelo MDB na coalizão governista, a partir da candidatura de Geraldo Jr. a vice-governador.

Desidratação gradual
De lá para cá, o PP perdeu musculatura gradativamente. Em 2020, o partido terminou a corrida com 92 prefeitos eleitos na Bahia, abaixo apenas do PSD, com 108. Em 2023, esse número caiu para 70. Até o início de abril, eram somente 50, quase metade do total de quatro anos atrás. "Mário Júnior vinha segurando a permanência do partido na oposição, mesmo com a pressão dos deputados do PP para retomar a aliança com o PT na Bahia. A rasteira em Paulo Afonso mudou o clima. Na Assembleia Legislativa, praticamente toda a bancada vota hoje com Jerônimo. Mas os acertos dependem de como a legenda sairá das urnas em outubro. Porque se terminar menor do que entrou, vai ter pouca força para negociar um acordo sem baixar a cabeça. Do contrário, melhor ficar onde está e engolir sapos do União Brasil", ponderou um dirigente da sigla favorável ao realinhamento com o PT, em conversas reservadas com a Metropolítica.  

Top dez na gastança
Somente dez municípios baianos terão limite de gastos de campanha por candidato a prefeito acima de R$ 1 milhão este ano, segundo portaria publicada no último 19 pelo Tribunal Superior Eleitoral. Em primeiríssimo lugar, vem Salvador. Cada concorrente ao Palácio Thomé de Souza poderá utilizar até R$ 21,7 milhões no primeiro turno, mais R$ 8,68 milhões caso a sucessão seja decidida no segundo. Em 2020, esses valores eram de R$ 14,67 milhões e R$ 4,4 milhões, mas a correção com base na inflação oficial dos últimos quatro anos elevou a soma em aproximadamente 48%. Na sequência, aparece Camaçari, outra cidade que tem possibilidade de segundo turno, com R$ 6,09 milhões e R$ 2,43 milhões, respectivamente. A terceira colocação é ocupada por Feira de Santana, com R$ 2,34 milhões e R$ 939,3 mil.

Menos é mais
Por ordem descrescente de limite de gastos individuais na campanha para prefeito, estão Juazeiro (R$ 2,14 milhões), Candeias (R$ 1,67 milhão), Luís Eduardo Magalhães (R$ 1,33 milhão), Lauro de Freitas (R$ 1,38 milhão), Alagoinhas (R$ 1,23 milhão), Barreiras (R$ 1,1 milhão) e Entre Rios (R$ 1,03 milhão). Municípios que fazem parte da lista dos dez maiores colégios eleitorais do estado ficaram de fora da turma dos milionários, a exemplo de Vitória da Conquista, Itabuna, Ilhéus e Porto Seguro. A distorção ocorre porque os valores são atualizados com base no teto de gastos de cada candidato em determinado município durante a sucessão de 2016. . 

Zé na mira
Desde que a Justiça Federal agendou o depoimento do ex-prefeito de Feira de Santana Zé Ronaldo para o próximo dia 21 de agosto, como parte da ação  que apura supostos desvios de mais de R$ 26 milhões da Secretaria de Saúde do Município durante sua última gestão (2013 a 2018), o assunto virou a principal arma dos adversários nos ataques ao candidato do União Brasil ao comando da cidade. A última veio do presidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar. "Por fora, Zé Ronaldo é bela viola; por dentro, pão bolorento", disparou Bacelar, aliado do deputado federal Zé Neto, nome do PT na disputa em Feira. 

Casa forte
A Bahia Eventos (antiga Icontent) descolou um patrocínio de R$ 400 mil da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas para a segunda edição da Constru Nordeste, tida hoje como a maior feira da construção civil na região, prevista para ocorrer de 31 de julho a 2 de agosto, no Centro de Convenções de Salvador. A empresa é o braço da Rede Bahia na área de eventos e possui entre os sócios a família do ex-prefeito ACM Neto.