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Alunas de medicina zombam de jovem que recebeu transplante e família pede retratação

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Alunas de medicina zombam de jovem que recebeu transplante e família pede retratação

Família de Vitória Chaves da Silva registrou queixa na delegacia nesta terça-feira (8); paciente morreu dias após a publicação de vídeo no TikTok

Alunas de medicina zombam de jovem que recebeu transplante e família pede retratação

Foto: Reprodução/Thais Foffano no TikTok

Por: Metro1 no dia 13 de abril de 2025 às 15:30

As estudantes de medicina Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano foram denunciadas após a publicação de um vídeo nas redes sociais em que zombam de uma jovem internada no Incor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo). A paciente de 26 anos, chamada Vitória Chaves da Silva, havia passado por quatro transplantes, três no coração e um no rim. Após a repercussão do caso, as alunas retiraram a postagem do ar, que havia sido compartilhada no TikTok dias antes da paciente falecer. A mãe de Vitória, Cláudia Chaves, afirmou ao Metrópoles que deseja que uma queixa-crime contra as alunas seja apresentada. 

Ambas não foram indiciadas pela Polícia Civil que, até o momento, instaurou um inquérito para apurar o caso, tipificado como injúria — que consiste em ofender a dignidade de uma pessoa, como consta no Código de Processo Penal. 

O delegado Marco Antônio Bernardo, titular do 14º DP (Pinheiros), diz acreditar que o Ministério Público de São Paulo (MPSP) não irá oferecer denúncia contra as estudantes, “porque elas não são criminosas, mesmo com o erro que cometeram [de expor a paciente]”, declarou.

Ele explicou que a Promotoria provavelmente irá, no lugar da denúncia, indicar para que o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) abra uma ação penal privada. Com isso, Cláudia Aparecida da Rocha Chaves, mãe de Vitória, poderá formalizar uma queixa-crime. “Com certeza, quero que essa queixa-crime seja apresentada”, afirmou ao Metrópoles.

Diagnóstico e repercussão
A paciente recebeu o diagnóstico de cardiopatia congênita, uma má formação no coração surgida ainda no desenvolvimento do feto. Ela morreu por choque séptico e insuficiência renal crônica.

As estudantes comentam, no vídeo, que a paciente não havia tomado os remédios corretamente, razão pela qual teria sido submetida à sucessão de transplantes. Sem citar Vitória nominalmente, ainda diziam estar chocadas por saberem que ela tinha recebido três corações mesmo diante das questões burocráticas, da fila para o procedimento e das dificuldades relacionadas à compatibilidade do órgão com o possível receptor. Em certo momento, Thais afirma: “Essa menina está achando que tem sete vidas”. A repercussão do caso fez com que o vídeo fosse retirado do ar na última terça-feira (8).

Em vídeo gravado ao g1, elas afirmaram que a intenção não era expor o caso da paciente e que sentiam muito pela morte de Vitória. “A única intenção do vídeo foi demonstrar surpresa por um caso muito raro que tomamos conhecimento dentro de um ambiente de prática e aprendizagem médica", alegaram.

Thaís cursa medicina na Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (Faseh), em Minas Gerais. Já Gabrielli é estudante de medicina no campus Mooca, na zona leste de São Paulo, da universidade Anhembi Morumbi. À CNN, em nota conjunta, as instituições lamentaram o episódio. “O relato mencionado não condiz com os princípios e valores que norteiam a atuação desta Instituição de Ensino, tampouco com o compromisso de uma formação médica, ética e humanizada, que tanto honra nossa atuação”, diz a nota.