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Apagão de dados sobre animais em situação de rua em Salvador cria barreira para políticas públicas

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Apagão de dados sobre animais em situação de rua em Salvador cria barreira para políticas públicas

Segundo informou a Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-Estar e Proteção Animal (Secis), na prática, a contagem e controle dos animais em situação de rua são feitas apenas por meio do castramóvel

Apagão de dados sobre animais em situação de rua em Salvador cria barreira para políticas públicas

Foto: Agência Brasil/Rovena Rosa

Por: Fabiana Lobo no dia 10 de abril de 2025 às 07:17

Atualizado: no dia 10 de abril de 2025 às 08:47

Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 10 de abril de 2025

Quem são, onde vivem e quantos são? As perguntas poderiam ser as chamadas dessas reportagens sensacionalistas de televisão, mas são apenas questões simples e iniciais para qualquer política pública séria. Só que, no caso dos animais em situação de rua de Salvador, continuam sem resposta.

A reportagem tentou respondê-las, buscou as secretarias de Saúde (do estado e município), Conselho Regional de Medicina Veterinárias, as pastas voltadas para meio ambiente, mas ninguém foi capaz de detalhar questões relacionadas à população animal em situação de rua na capital. 

Festival de promessas

O apagão de dados, mesmo diante da promessa de um censo, dificulta qualquer estratégia eficaz para controle, saúde e bem-estar desses animais e, por tabela, da população. É simples: sem dados não há sequer como justificar a destinação de verbas públicas à saúde animal e ao combate a zoonoses.

O alerta é também da veterinária Ilka Gonçalves, presidente da Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia (CRMV-BA), que pontua que, sem controle efetivo, os animais se tornam ainda mais vítimas de maus tratos e vetores de doenças, elevando, inclusive, os custos custos com internações e tratamentos de saúde. “A prevenção é muito mais barata do que remediar”, enfatiza Ilka Gonçalves, destacando que investir na saúde animal significa também proteger a saúde humana.

Repasse de responsabilidade

Segundo informou a Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-Estar e Proteção Animal (Secis), na prática, a contagem e controle dos animais em situação de rua são feitas apenas por meio do castramóvel, serviço municipal que oferece castração e vacinação gratuitos  - uma obrigação legal dos municípios. 

A tarefa, no entanto, acaba recaindo nas costas de cuidadores e voluntários, porque é preciso que alguém leve esses animais ao castramóvel e ainda se responsabilize pelo pós-operatório em casos de castração. 

Se sobre eles já se acumulam missões como resgate e, muitas vezes, até alimentação e cuidado, atribuir aos cuidadores uma parte fundamental para esse controle, é no mínimo se eximir de uma obrigação.