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Salvador exibe lista de imóveis e empreendimentos com portas fechadas e indícios de abandono

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Salvador exibe lista de imóveis e empreendimentos com portas fechadas e indícios de abandono

Antigo Centro de Convenções da Bahia, prédio dos Correios na Pituba, Solar Boa Vista e Bahia Café Hall são alguns deles

Salvador exibe lista de imóveis e empreendimentos com portas fechadas e indícios de abandono

Foto: Metropress/Filipe Luiz/Isabelle Corbacho/Tacio Moreira

Por: Laisa Gama no dia 13 de fevereiro de 2025 às 07:10

Atualizado: no dia 13 de fevereiro de 2025 às 10:25

Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 13 de fevereiro de 2025

Poderiam ser representantes da memória da cidade, espaços de geração de emprego, de disseminação da cultura ou até vetores de valorização dos bairros. Mas acabaram se tornando elefantes brancos - daqueles grandes e bem alimentados - no meio do caos da cidade.

São prédios históricos, casas de shows ou de convenções que já atraíram ou atenderam centenas e milhares de pessoas. Agora, restam terrenos invadidos, tetos desabados, rotas de fuga ou esconderijo. A conta sobra para a prefeitura, governo do estado e a União, que ou ainda não decidiram o que fazer com os imóveis ou seguem parados na burocracia.

No Engenho Velho de Brotas

Um deles é considerado uma das construções mais antigas da Bahia, o Solar Boa Vista de Brotas, que chegou a abrigar a prefeitura de Salvador e já foi até a casa do poeta Castro Alves. Com um currículo desse, o solar poderia ser o que quisesse, mas segue sendo abandono desde que pegou fogo em 2013. Tomado por vegetação, escombros, lixo, o patrimônio já foi até apelidado de “cracolândia de Salvador.

Não é só abandono, o solar é também conflito - entre a prefeitura e o governo do estado. As gestões disputam de quem é a responsabilidade de recuperação do local. Isso porque, embora a área pertença ao estado, o prédio estava cedido à Secretaria Municipal de Educação quando foi incendiado. Em 2019, a disputa parecia resolvida após a Secretaria de Saúde da Bahia anunciar a instalação de uma central de diagnóstico de imagem no local. Não foi para frente. Agora, outra promessa: em janeiro, a Secretaria de Cultura da Bahia anunciou uma requalificação como parte de um projeto de parque cultural urbano. A previsão é que ainda este ano comece a contenção da ruína do Solar para evitar mais danos à sua estrutura.

No costa Azul

No bairro do Costa Azul, nada novo sob o céu. O antigo Centro de Convenções da Bahia continua largado como uma carcaça velha em uma das principais vias. Fechado há oito anos desde que parte de sua estrutura de metal desabou, o local é um daqueles que servem de fuga e abrigo para usuários de drogas e assaltantes. Moradores atravessam a rua para não passar por ali e reclamam da sensação de insegurança. Mas, ao menos ali, há uma pitada de esperança. O imóvel estava envolvido em ações trabalhistas da antiga Bahiatursa, mas elas já foram resolvidas e o governo do estado aguarda agora apenas a resolução de burocracias em cartórios para abrir a licitação de venda do local.

Na Paralela

Se a disputa for por tempo fechado, o antigo Bahia Café Hall vence, são 10 anos. E o caso é curioso, porque, em 2010, o estado acionou a Justiça para recuperar o imóvel, alegando que o locatário pagava muito abaixo do avaliado. A gestão conseguiu reaver e parou por aí. Ventilou-se a ideia de abrigar a diretoria de vigilância epidemiológica do estado, mas também não foi adiante. Procuradas, as secretarias de Administração e do Meio Ambiente não deram detalhes sobre os planos para o espaço.

Na Pituba

Da Cidade Baixa à Alta, dos bairros mais populares aos mais movimentados, há exemplos de imóveis abandonados em busca de uma finalidade. Na Pituba, o exemplo tem mais de 35 mil m² e um histórico de oito tentativas de leilão, todas sem interessados. É o antigo prédio dos Correios, de portas fechadas desde fevereiro de 2019. Todo fechado com tapumes, o imóvel também é evitado por quem passa pelas calçadas do bairro, como se não valesse no mínimo R$ 141 milhões.