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Morada de resistência: casa onde viveu Marighella será transformada em instituto e centro de pesquisa

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Morada de resistência: casa onde viveu Marighella será transformada em instituto e centro de pesquisa

Apesar do simbolismo de luta e resistência, o imóvel na Rua do Desterro já padeceu sob o abandono, como tantos outros da Baixa dos Sapateiros

Morada de resistência: casa onde viveu Marighella será transformada em instituto e centro de pesquisa

Foto: Metropress/Gabriela Barroso

Por: Luanda Costa no dia 12 de dezembro de 2024 às 06:35

Atualizado: no dia 12 de dezembro de 2024 às 13:21

Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 12 de dezembro de 2024

Deputado federal, poeta e uma mente brilhante: Carlos Marighella foi um dos homens mais multifacetados no Brasil. O filho de brasileira com imigrante italiano já inspirou livros, canções, filmes que contam sua história e até mesmo uma torcida organizada no time soteropolitano Vitória. E não é para menos, porque coragem era seu primeiro nome, desde jovem quando respondeu a uma prova no Ginásio da Bahia em versos, até mais tarde quando lutou contra a Ditadura Militar. Em mais uma face de luta na sua história, uma campanha tenta arrecadar fundos para reestruturar a casa onde ele viveu.

Apesar do simbolismo de luta e resistência, o imóvel na Rua do Desterro já padeceu sob o abandono, como tantos outros da Baixa dos Sapateiros (inclusive o Teatro Jandaia). Quem passa pela frente da casa da família Marighella sequer pode imaginar que aquelas paredes degradadas já serviram como o bunker na vitoriosa campanha eleitoral para deputado da Assembleia Nacional Constituinte de 1946.

Agora, o intuito é restaurar e usar o espaço como abrigo para o Instituto Carlos Marighella e Clara Charf, militante e companheira dele. No evento realizado nesta terça- -feira (10), políticos, artistas e solidarizados pela iniciativa se reuniram em São Paulo, para mobilizar fundos. Essa, no entanto, será mais uma das ações, garante Marília Lomanto, diretora executiva da Casa Marighella.

Foto: divulgação/Casa Marighellla

“Marighella dá razão, sentido humano e histórico a todas as lutas por liberdade e representa todos os lutadores contra a opressão e o servilismo no país”, argumenta Marília Lomanto. Por isso, a intenção do projeto, já reivindicado por militantes e entidades, é reunir documentos sobre a vida dele e fazer da casa um local de pesquisa e formação política, com auditório e exposições temporárias.

Em setembro de 1969, a Ditadura Militar vivenciou um dos seus momentos mais marcantes: o sequestro do embaixador dos Estados Unidos Charles Burke Elbrick por integrantes da ALN e do MR-8 - dois dos principais grupos contrários ao regime. O líder do primeiro, Marighella, nem sabia do atentado, mas pagou o pato, afinal era o rosto mais conhecido. Foi assassinado em uma emboscada coordenada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, notório torturador da ditadura.

Mas sua história contra regimes começou muito antes: em 1929, quando era estudante no Ginásio da Bahia e respondeu em versos a uma prova de física. Na política, militou por 33 anos no Partido Comunista, chegou a ser deputado federal constituinte, um dos mais bem votados. Perdeu o mandato quando o partido foi cassado e entrou na clandestinidade, se tornando um dos principais organizadores da resistência à ditadura