Editorial
"O povo parou de se indignar", critica Mário Kertész
MK, no entanto, pondera que a indignação não deve tirar a alegria do povo brasileiro
Foto: Reprodução/Youtube
Os últimos acontecimentos no país expõem como a população brasileira perdeu a capacidade de se indignar de forma construtiva. Essa avaliação foi feita nesta terça-feira (17), por Mário Kertész, durante o Jornal da Bahia no Ar. Segundo ele, a indignação foi substituída, na verdade, por um ódio, disseminado sobretudo nas redes sociais.
“É muito cômodo você, que se sente humilhado por saber que um deputado estadual, federal, um vereador ganha uma fortuna, emprega dezenas de apaniguados, faz o que quer, quando quer, dá o forma que quer. E você não faz nada. Você transformou aquilo que é indignação, que é uma força, que nos leva à mudança? Não. Você prefere ficar sentado em sua poltrona e colocar seu ódio, fulano é isso, o outro merece morrer, o outro merece aquilo”, iniciou.
Mário Kertész apontou ainda que problemas, como a própria violência, precisam da participação popular para ser resolvida. Ele também criticou a ideia de que a solução para a criminalidade é o velho discurso do “bandido bom é bandido morto”. “Muita gente acredita nisso. Mas se esquece que quando morre um bandido aparecem dez outros, porque são formados pela enorme e insuportável diferença que existe neste país até hoje, de origem escravista, racista”, disse.
“Ou simplesmente acham que vamos fazer escola em tempo integral [e vai resolver]. Vamos, é ótimo. Educação é fundamental. Mas quanto tempo vai demorar para que a educação modifique o comportamento que existe hoje? A criação, fortalecimento do crime organizado que hoje domina empresas, políticos, eleições e espalha violência à sua vontade?”, acrescentou.
Além da população, Mário Kertész também cobrou indignação em entidades como Instituto dos Arquitetos, Ordem dos Advogados, Câmara Municipal, a Assembleia Legislativa da Bahia e tantos outros órgãos que deveriam defender melhorias e apontar mudanças para a sociedade. Apesar de tudo isso, MK pondera que essa indignação não deve tirar a alegria do povo brasileiro, que é o que o faz diferente de todo o mundo.
Confira o comentário na íntegra:
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