Economia
Lula critica decisão do Copom sobre taxa Selic: "Autonomia para atender quem?"
O presidente questionou a independência do BC afirmando que a decisão sofreu influência de "especuladores"
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou nesta quinta-feira (20) contra a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, de manter a taxa Selic, básica de juros, em 10,5% ao ano. Ele questionou a independência do órgão afirmando que a decisão sofreu influência de "especuladores".
"Resolveram entender que era importante alguém que tivesse autonomia. Autonomia de quem? Autonomia de quem para servir? Autonomia para atender quem? Eu estava numa reunião discutindo que nós temos a possibilidade de ter um déficit de R$ 30 bilhões, R$ 40 bilhões. Aí eu fico olhando do outro lado da folha que me apresenta, só de juros no ano passado foi de R$ 790 bilhões que a gente pagou. Só de desoneração foram R$ 536 bilhões que a gente deixou de receber", disse o presidente durante entrevista à rádio Verdinha, em Fortaleza.
Segundo Lula, a decisão não atende a população e sim aos especuladores. "Quando a gente faz uma coisa e aquilo resulta num benefício coletivo, aquilo é um investimento extraordinário que estamos fazendo. Estamos investindo no povo brasileiro. A decisão do Banco Central foi investir no sistema financeiro, nos especuladores que ganham dinheiro com os juros. E nós queremos investir na produção", pontuou.
"Foi uma pena, porque quem está perdendo com isso é o povo brasileiro. Porque, quanto mais a gente pagar de juros, menos temos dinheiro para investir aqui dentro. Não vejo mercado falar dos moradores de rua, catador de papel, desempregado. Eu não vejo o mercado falar das pessoas que necessitam do Estado", completou.
Ainda na entrevista, Lula destacou que planeja ter com o povo brasileiro "gastos de qualidade". "Não quero gastar o que eu não tenho. Quero fazer gasto que seja necessário. Pagar salário para o povo é necessário. Melhorar o gasto da saúde é necessário. Melhorar a qualidade da educação é necessário."
O presidente também criticou a falta de pagamento de imposto de renda sobre dividendos, além de reafirmar a promessa de isentar da taxa pessoas que recebam até cinco salários mínimos.
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