Cultura
'Bolsonaro me inspira a oração', diz Gilberto Gil
Em entrevista ao "Estadão", o cantor falou ainda sobre Sergio Moro, Lula, extinção do Minc e Lei Rouanet
Foto: Divulgação
Gilberto Gil falou, em entrevista ao "Estadão", sobre três figuras-chave da política nacional: o presidente Jair Bolsonaro, o ex-juiz e atual ministro da Jsutiça Sergio Moro, e o ex-presidente Lula, de quem foi ministro da Cultura. Gil comentou ainda a extinção do Minc e a reforma da Lei Rouanet.
Sobre Bolsonaro, o artista afirmou: "Tudo que me coloca diante da incompreensão me inspira a oração. Quando eu não sei o que as coisas são eu oro, medito, peço para que elas se revelem com clareza e adequação. Já antes da sua eleição a presidente eu rezava todo dia para que ele se fizesse suficientemente compreensível para mim e para que eu pudesse também me tornar suficientemente compreensível para ele. Para que nós nos compatibilizássemos em nossas diferenças ('Amai o próximo como a ti mesmo'). Hoje, ele continua inspirando minhas orações no mesmo sentido".
Perguntado sobre "o que Sergio Moro te inspira?", Gil disse: "O Moro, desde sempre me inspirou a contemplação do mistério. Mais do que alguém diferente de mim, ele me inspirava como alguém que é portador do enigma. Um certo ar permanente de interrogação, um não deixar bem claro aonde quer chegar, o que quer dizer, o que quer provar. No Moro, mora um mistério!".
E sobre Lula, preso desde 7 de abril de 2018, ele respondeu: "O Lula me inspira compaixão. Sempre foi assim, desde que se tornou porta voz do homem comum, em busca de uma solidariedade irrecusável, de uma irremediável comunhão com a trágica condição humana, de um entregar-se ao ímpeto de soldado destemido na luta pela quimera da emancipação. Lula, é uma pedra bruta, não lapidável".
A respeito da extinção do Ministério da Cultura, pasta que comandou de 2003 a 2008, Gil afirmou: "Como eu já havia me manifestado, não penso que seja fundamental a existência de um Minc. Eh uma tradição de muitos países da Europa e que, aqui, já se adotara. A Itália e a Inglaterra, por exemplo, têm mais de um: um para cada setor relevante da vida cultural – Patrimônio, Indústrias Criativas, Artes e outros. Já os EE.UU nunca tiveram um Minc. O essencial são as políticas públicas para o setor; sua adequação, abrangência, eficácia e a correta localização na máquina estatal. Se não estiverem num Minc, essas políticas devem estar em algum lugar do governo à altura da sua importância".
E sobre a Lei Rouanet: “A gente sabe que qualquer coisa que venha deste governo pode ter um viés de retaliação, um viés de vingança, um viés de perseguição. No Ministério da Educação por exemplo, você tem atitudes nitidamente enviesadas. Mas no caso da Lei Rouanet não há evidências disso. Abriram-se exceções razoáveis como para museus, por exemplo. Há dois ou três dias li nota do ministro dizendo em resumo que não ia receber os setores da cultura para discutir a proposta de reforma. Acho que é fundamental, necessário, que o ministro esteja decidido a manter o diálogo com a classe artística, no sentido de aperfeiçoamento da lei".
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