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Chamado das águas: da tradição à preservação, festejos de Iemanjá reúnem devotos neste domingo

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Chamado das águas: da tradição à preservação, festejos de Iemanjá reúnem devotos neste domingo

Mais do que uma tradição, a Festa de Iemanjá se faz como um elo que atravessa gerações, une desconhecidos, convida a sentir, a acreditar e a agradecer

Chamado das águas: da tradição à preservação, festejos de Iemanjá reúnem devotos neste domingo

Foto: Jefferson Peixoto / Secom PMS

Por: Ismael Encarnação no dia 02 de fevereiro de 2025 às 07:30

Atualizado: no dia 02 de fevereiro de 2025 às 08:46

Dia 2 de fevereiro, o dia dela, da Rainha do Mar, de Iemanjá. Na data, Salvador desperta, em peso, envolta em azul e branco, para saudar a rainha das ondas, uma das orixás mais velhas. O Rio Vermelho, como epicentro da celebração, reúne fiéis, turistas, artistas e até curiosos que se entregam ao encanto de uma das maiores festas religiosas da Bahia.

Da origem à contemporaneidade

A história da tradição remonta ao início do século 20, quando pescadores da região começaram a ofertar presentes à orixá em agradecimento pelas boas pescarias e pela proteção nas águas. Com o tempo, a festa ficou maior até se tornar o que é hoje, composta por milhares de pessoas de diversas partes do Brasil e do mundo, que vão testemunhar a sua grandiosidade e sentir o que, na limitação das palavras, pode ser descrita como a conexão entre o espiritual, o mar, a fé e a tradição.

O Sagrado e Profano sob a maresia

Já nos dias que antecedem a festa, devotos enchem o caramanchão no Rio Vermelho com perfumes, espelhos, pentes, flores e cartas carregadas de fé. No dia 2, os balaios seguem para o mar, levando pedidos e gratidão. Em meio às rezas e aos batuques, fé e festa se entrelaçam: há os que se apegam às promessas, há os que celebram a vida, todos embalados pelas ondas da maré do Rio Vermelho. Nessa conexão tão mista, como no dia da Lavagem do Bonfim, onde o sagrado e o profano se misturam, a festa de Iemanjá também carrega um traço único da cultura baiana.

Cuidado nas águas e na terra
A preservação da festa e das tradições passa também pela preservação do mar, templo sagrado de Iemanjá. Muitos dos presentes oferecidos eram feitos de plástico ou materiais que poluem o oceano. Hoje, há um crescente movimento de conscientização para garantir que as oferendas sejam biodegradáveis, como as flores naturais e folhas de bananeira, para evitar a poluição das águas.

A areia da praia, palco da festa, também merece atenção. Com milhares de pessoas reunidas, é essencial que todos cuidem do espaço, recolhendo seu próprio lixo e garantindo que a beleza natural do Rio Vermelho permaneça intacta após a celebração, sem que as homenagens se tornem agressões. Afinal, honrar Iemanjá também significa respeitar o mar e a natureza.

A fé que vem e permanece

Mais do que uma tradição, a Festa de Iemanjá se faz como um elo que atravessa gerações, une desconhecidos, convida a sentir, a acreditar e a agradecer. O mar, que dá e recebe, deve ser reverenciado com amor e respeito. Assim, ano após ano, a Rainha das Águas segue sendo homenageada com devoção, no vai e vem das ondas, no cheiro das flores e na poesia que só a Bahia sabe fazer.