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Há 9 anos, a Bahia se despedia do antropólogo 'putanheiro' Roberto Albergaria

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Há 9 anos, a Bahia se despedia do antropólogo 'putanheiro' Roberto Albergaria

Comentarista da Rádio Metropole, ele mirou seu humor e erudição contra a hipocrisia, o provincianismo e a "moral de jegue" da elite local

Há 9 anos, a Bahia se despedia do antropólogo 'putanheiro' Roberto Albergaria

Foto: Daniele Rodrigues/Metropress

Por: James Martins no dia 03 de julho de 2024 às 10:10

Atualizado: no dia 03 de julho de 2024 às 10:24

Foi em 3 de julho de 2015, um dia após a comemoração da Data Magna do estado, que a Bahia se despediu do antropólogo, professor aposentado da Ufba e comentarista da Rádio Metropole, Roberto Albergaria, encontrado morto em sua casa na Cidade Baixa, aos 61 anos. Na verdade, a despedida oficial, isto é, o sepultamento do auto proclamado "putanheiro" e "calçoludo da Rabeira" aconteceu no dia 5, um domingo, e reuniu amigos e admiradores no cemitério do Campo Santo, na Federação.

Durante 15 anos, Albreguinha incendiou os microfones da Metropole com comentários sempre desconcertantes, na maior parte das vezes tendo como alvo o que chamava de "moral de jegue" e o provincianismo da elite local. Foi também colunista da extinta Revista Metropole, publicando crônicas do cotidiano com mirada histórica e linguagem satírica.

Formou-se em História pela Universidade Federal da Bahia em 1974, poucos anos após abandonar a Faculdade de Direito. Em seguida, conquistou o diploma de estudos aprofundados em Antropologia, Etnologia e Ciências das Religiões pela Universidade de Paris VII, e em Sociedade e História Americanas pela Universidade de Paris I, além do doutorado em Antropologia pela Universidade de Paris VII.

Mas, nos últimos anos, onde parecia sentir-se mais à vontade era realmente em sua participação semanal na "radinha" — apelido, aliás, cunhado por ele. Abordando os temas mais diversos, desde um mito ancestral à machete do jornal do dia, Albergaria sempre soube combinar conhecimento e humor para transmitir mensagens compreensíveis ao mesmo tempo por feirantes e acadêmicos.

“Politicamente incorreto, Albergaria recusava a sisudez do mundo acadêmico ao mesmo tempo em que levava conhecimento para muito além das barreiras da universidade”, declarou Mario Kertész na despedida do amigo e companheiro.