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"Rende uma mixaria", diz autor de 'Escrito nas Estrelas' sobre boom da música nas plataformas

Cultura

"Rende uma mixaria", diz autor de 'Escrito nas Estrelas' sobre boom da música nas plataformas

Carlos Rennó comemora o novo sucesso da canção na voz da sertaneja Lauana Prado, mas lamenta a remuneração dos direitos autorais

"Rende uma mixaria", diz autor de 'Escrito nas Estrelas' sobre boom da música nas plataformas

Foto: Matheus Simoni / Metropress

Por: James Martins no dia 18 de junho de 2024 às 10:10

Atualizado: no dia 18 de junho de 2024 às 10:51

Lançada em 1985, no Festival dos Festivais, da Rede Globo, donde saiu vencedora na voz de Tetê Espíndola, "Escrito nas Estrelas", música de Carlos Rennó e Arnaldo Black voltou a bombar quase 40 anos depois. A regravação da cantora Lauana Prado, num medley ("Me Leva Pra Casa/Escrito nas Estrelas/Saudade"), conquistou, no final do ano passado, o topo da parada Top Brasil e a 24ª posição da Top 50 Viral (mundo), ambas do Spotify.

Apesar de feliz com o "renascimento" da composição que o lançou, Rennó lamenta que o sucesso digital não se reverta em remuneração digna dos direitos autorais. "Para se ter uma ideia, em uma determinada semana, a música teve em média 72 milhões de acessos. E o que isso rende para os autores é, mais ou menos, uns 20 reais, uma mixaria, uma quantidade miserável, infinitesimal", disse em conversa com o Metro1.

A queixa dele se afina com a denúncia recente de Ivan Lins, que também reclamou do repasse de plataformas como Spotify, Deezer e similares. “Voltei para a terapia para curar, agora, outra depressão, porque eu perdi minha aposentadoria”, chegou a declarar o autor de "Madalena" em participação no "Provoca", com Marcelo Tas.

O detalhe é que Ivan é também intéprete das próprias músicas, e ganha por show. No caso de Carlos Rennó, "apenas" compositor, a situação se agrava. 

"Lembro que nós nos compadecíamos com a situação dos compositores do passado, como Cartola e Nelson Cavaquinho que, apesar de terem músicas de sucesso, não receberam o necessário para viver. Essa situação tinha sido superada, a partir de lutas da própria classe, travadas e vencidas na segunda metade dos anos 1970, e era possível se viver de composição, de direito autoral. Hoje, com a política das plataformas digitais, estamos voltando àquele mesmo patamar de calamidade", diz.

No último fim de semana, Lauana Prado fez show na Festa do Peão de Americana, no interior de São Paulo. A apresentação começou no ingrato horário de 7 horas da manhã, fechando a noite, e, apesar disso, segundo reportagem do g1, o público se manteve presente e animado, "embalados pelo fenômeno 'Escrito nas Estrelas'".

Destacando que a música que escreveu em homenagem ao casal (Tetê e Arnaldo estão juntos há mais de 40 anos) alavancou não apenas as audições do medley em que se inclui, mas de todo o álbum da sertaneja, Rennó conclui: "A gravadora me informou que ela será regravada outra vez pela Lauana, agora em uma faixa autônoma, não num medley. Fico feliz. Melhor ainda seria se ela chamasse a Tetê para cantar junto. Mas, essa questão dos direitos autorais nas plataformas digitais precisa ser, urgentemente, debatida como política cultural. E não apenas no Brasil, mas em escala mundial, pois essas companhias são grandes corporações multinacionais e estão explorando artistas no mundo inteiro".