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Telas nas ruas: Cinemas persistem fora dos shoppings de Salvador e fomentam a cena local

Cultura

Telas nas ruas: Cinemas persistem fora dos shoppings de Salvador e fomentam a cena local

Cine Glauber Rocha, Sala de Cinema Walter da Silveira e Circuito SaladeArte são alguns dos cinemas de rua em Salvador

Telas nas ruas: Cinemas persistem fora dos shoppings de Salvador e fomentam a cena local

Foto: Divulgação

Por: Gláucia Campos e Leticia Alvarez no dia 22 de março de 2024 às 09:55

Atualizado: no dia 22 de março de 2024 às 11:44

Ao longo de quase 475 anos de história, as ruas de Salvador foram palco de várias transformações, com trocas de nomes, moradores e cenários. A chegada de novidades na cidade foi vendida como uma garantia de desenvolvimento, mas também resultou na queda de aparelhos que marcaram por anos a vida da capital, como os cinemas de rua.

Os emblemáticos cinemas do Centro Histórico, em sua maioria, fecharam as portas. Cine Tupy, Cine Pax, Cine Joia e tantos outros. A prática de exibir filmes passou então a retrair-se em novos centros comerciais, com pelo menos oito dentro de shoppings. Para Pedro Caribé, diretor de Audiovisual da Fundação Cultural do Estado da Bahia (DIMAS), a transição não afetou apenas a estrutura física dos cinemas, mas a “diversidade fílmica ofertada por eles”.

Embora o cenário fosse favorável para que os cinemas de rua caíssem no esquecimento total, alguns conseguiram resistir. Estabelecimentos como o Cine Glauber Rocha, a Sala Walter da Silveira e o Circuito SaladeArte são alguns exemplos.

Centro vivo

De frente para a Praça Castro Alves e a Baía de Todos-os-Santos, está o Cine Glauber Rocha. Existente desde 1919, o local já foi conhecido como Guarany, rebatizado em 1980,  fechado e reinaugurado em 2008, pelos empresários Cláudio Marques e Adhemar Oliveira.

“Quando o antigo Cine Glauber fechou fiquei muito triste, era um cinema que eu gostava e frequentava mesmo com todas as dificuldades, já estava muito degradado e abandonado. Eu recebi a notícia que o cinema iria virar supermercado e ninguém mais tinha interesse de manter. Aí comecei a me articular para a cidade não perder mais uma sala de cinema”, contou Cláudio Marques.

Para atrair o público, o cinema costuma vender ingressos por um preço acessível, fechar parcerias com escolas públicas e exibir produções diferentes, principalmente nacionais. Também há o cuidado de reexibir filmes antigos, para que a história e memória deles não caiam no esquecimento. “A gente exibe cineastas jovens, mas sempre lembramos do cinema que veio antes deles”, acrescentou.

Embaixo da biblioteca

A pouco mais de 2 km de distância do Cine Glauber Rocha, no bairro dos Barris, está localizada a Sala de Cinema Walter da Silveira. O local existe desde 1986, no subsolo da Biblioteca Central do Estado da Bahia e funciona gratuitamente. Além de ser diretor do DIMAS, Caribé também gere a Sala Walter da Silveira e defende que  o espaço é essencial para fomentar o cinema baiano. 

“Qualquer pessoa pode solicitar a pauta e exibir seus filmes lá. Isso movimenta muito a sala, chega a um público de até 3 mil pessoas por mês. Ela continua sendo uma referência importante para a cidade”, disse.

Ao Metro1, o gestor também contou que há uma mobilização no setor cultural para que, através do orçamento de R$ 3,86 bilhões da Lei Paulo Gustavo, o equipamento seja beneficiado. Mas não só ele. Caribé vê também a possibilidade de “retomar os investimentos em cinemas independentes e públicos em Salvador e no interior”. “O cinema se articula com a vida cultural e social. Cinemas de rua dão dinâmica vida aos territórios”, pontuou.

Foto:Divulgação/GOV/Mateus Pereira

Por todo lugar

Com cinco salas espalhadas por Salvador e 23 anos de atuação na capital, o Circuito SaladeArte é uma outra opção para fugir do chamado “circuito comercial”. Ele oferece uma experiência diferenciada, a partir de uma curadoria que engloba desde filmes em cartaz nos cinemas convencionais até obras alternativas.

“Aqui todas as linguagens são bem-vindas, todos os temas, por mais áridos, são bem-vindos”, disse ao Metro1 a diretora do circuito, Suzana Argollo. “Buscamos oferecer um cinema que faça você pensar, aumente seu repertório, sua leitura de mundo, apresenta diferentes pontos de vista, de diversas culturas e idiomas. Papel primário desta arte.”

A diretora ainda defendeu que o cinema de rua é uma instituição que promove o progresso dos locais onde está inserido, por influenciar na movimentação deles. "Eles promovem uma transformação muito grande até nas questões urbanísticas. Dialogam com o entorno, transformando o espaço em que está em um local mais habitável, com incentivo ao comércio, à segurança, e principalmente ao lazer”, disse.

Foto: Divulgação

Glauber Rocha
Endereço: Praça Castro Alves, 5 - Centro
Ingressos: de R$ 5 a R$ 28
Site: cineglauberrocha.com.br

Sala de Cinema Walter da Silveira
Endereço: R. Gen. Labatut, 27 - Barris
Ingressos: gratuito
Site: dimas.ba.gov.br

Circuito SaladeArte
Site: saladearte.art.br
Ingressos: R$ 5 a R$ 36
Endereço: Circuito UFBA (Av. Reitor Miguel Calmon, s/n. Vale do Canela. Ao lado das Faculdades de Educação e Administração), Circuito Museu (Av. 7 de Setembro, Corredor da Vitória. Museu Geológico), Circuito MAM (Solar do Unhão, Av. Contorno, s/n - Dois de Julho), Circuito Paseo (Rua Rubens Guelli, 135 - Itaigara, Shopping Paseo)