Biógrafa de Frans Krajcberg denuncia retirada "ilegal" de acervo no museu em Nova Viçosa

A jornalista Renata Rocha, biógrafa do artista polonês Frans Krajcberg, denunciou o descaso e a retirada ilegal do acervo do museu do artista no sítio Natura, na cidade de Nova Viçosa, no extremo sul da Bahia. A denúncia foi feita nesta sexta-feira (29), em entrevista à Rádio Metropole. 

"Desde que Frans Krajcberg faleceu, em 2017, esse acervo ficou abandonado. O estado, inclusive, está respondendo a um inquérito no Ministério Público da Bahia porque não cumpriu com os cuidados que deveria ter tomado no ato de doação do acervo", diz a biógrafa.

A jornalista ainda endossou outra prática, considerada criminosa. "Agora, eles (estado) estão cometendo um crime, que é retirando o acervo do sítio Natura para emprestar para o museu de São Paulo. Esse material não poderia ter sido retirado de lá enquanto ainda está em inventário", pontua.

A exposição “Frans Krajcberg: por uma arquitetura da natureza” está em exposição no MuBE (Museu Brasileiro da Escultura e da Ecologia), em São Paulo. Ao todo serão cerca de 106 trabalhos entre esculturas, pinturas, desenhos, gravuras e objetos de Krajcberg. "Estamos em ano eleitoral e pode haver uma mudança de governo. Nossa preocupação é perder essas obras se houver alguma troca de governo. Queremos ter a garantia que todo material vai voltar para Nova Viçosa", afirma Renata. 

Frans Krajcberg (1921-2017) foi um escultor, pintor, gravador e fotógrafo polonês, naturalizado brasileiro. Em sua grande maioria, suas esculturas se caracterizam pelo uso de troncos e raízes carbonizadas recolhidas em desmatamentos e queimadas, denunciando a devastação do meio ambiente. O museu com parte de sua obra foi escolhido em Nova Viçosa pelas raízes que o polonês estabeleceu com a cidade, no extremo sul da Bahia.