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Terça-feira, 24 de dezembro de 2024

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Elevador Lacerda: cartão postal, funcionários e passageiros sofrem com descaso 

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Elevador Lacerda: cartão postal, funcionários e passageiros sofrem com descaso 

O Elevador Lacerda, apesar de toda sua importância -recreativa, cultural e utilitária- representa bem o desleixo com nosso patrimônio

Elevador Lacerda: cartão postal, funcionários e passageiros sofrem com descaso 

Foto: Tácio Moreira / Metropress

Por: James Martins no dia 16 de maio de 2019 às 10:00

“Quem chega na Praça Cairu / E olha pra cima o que é que vê? / Vê o Elevador Lacerda / Que vive a subir e a descer / É o retrato fiel da Bahia (...)”, os versos de Riachão são de louvor, mas, na situação atual, podemos interpretar o cartão postal como um retrato fiel da Bahia que vai mal. Sim, o Elevador Lacerda, apesar de toda sua importância -recreativa, cultural e utilitária- representa bem o desleixo com nosso patrimônio. “Eu tomei um susto quando entrei. Primeiro que só funciona uma cabine, depois o calor que faz, sem falar na aparência: até a porta é suja… Se eu soubesse, traria uma bucha e um sabão, que dá pra limpar”, desabafou a professora Elisabete Campos, após descer para o Comércio. E completou: “O elevador do meu prédio é muito melhor”. 


Elevador improvisado por funcionários | Foto: Bnews

E isso porque ela não reparou em todos os detalhes e nem sabe da missa a metade. Para amenizar o calorão, os ascensoristas do Elevador fizeram uma vaquinha e compraram ventiladores com dinheiro do próprio bolso, que penduraram nas cabines. Qual foi a reação da Secretaria de Mobilidade (Semob)? Mandou retirar. O que tem agora, além da temperatura infernal, é o fio pendente da tomada, como um anti-enfeite, talvez para harmonizar com o fio do interfone, também à mostra, e com a esponja da cadeira da ascensorista, exposta como uma fratura. Em resumo: o sonho urbano de Antônio de Lacerda hoje é um verdadeiro pesadelo.


Funcionária sofre com calor

Da luz às trevas
Quando foi inaugurado, em 8 de dezembro de 1873, o Lacerda era não só o primeiro elevador urbano do mundo, mas também, com seus 63 metros bem medidos, o mais alto. Não demorou para o veículo se converter em símbolo de orgulho para a capital baiana e, consequentemente, em atração turística. Em 1997, na gestão Antônio Imbassahy, o equipamento ganhou iluminação cênica, reforçando seu caráter turístico. "Hoje em dia dá é vergonha. Eu trouxe uma europeia e me arrependi. Está muito decadente. Sem falar que tivemos que pegar uma fila enorme, pois não tava funcionando normal. Aliás, o normal agora é esse", lamentou o guia Ademirzinho.


Prefeitura tirou ventilador improvisado, mas deixou fio solto

Projeto de climatização
Sobre os ventiladores instalados pelos funcionários, a Semob respondeu ao Jornal da Metrópole que a própria secretaria “instalou ventiladores no Elevador, tendo em vista, que está licitando a climatização do equipamento”. De fato, há ventiladores instalados nos corredores de acesso às cabines. Já dentro das cabines, as fotos falam de forma inequívoca: antes ventiladores pendurados em armengues, agora apenas os fios pendurados. "Sim, a gente se juntou e comprou os ventiladores, pra poder aguentar trabalhar", declarou um funcionário que pediu para não ser identificado. Uma ascensorista, coitada, foi flagrada pela reportagem se abanando com um pedaço de papelão (vide foto).

 

Cabine parada para manutenção
Já a respeito do funcionamento, a Semob disse que, durante uma manutenção preventiva, detectou a necessidade de troca de peça em uma das cabines. E que essa cabine, já em fase de testes, ficará disponível ainda esta semana. A secretaria afirmou também que, pela baixa demanda, "normal para este período", opta por operar com apenas duas cabines: "O suficiente para  suprir a necessidade". Na manhã desta quarta-feira (15), porém, a reportagem verificou que só uma cabine estava em funcionamento.

Lojinha falida
Outro sinal da decadência do Elevador Lacerda é o antigo posto de informações, que fica na parte do Comércio. Posteriormente transformado em lojinha de souvenir's, hoje é um comércio falido: sem informações nem lembrancinhas. Só um plástico preto cobrindo o letreiro. Ou as vergonhas. "Isso aqui tá parecendo é um acampamento de sem-terra. Quem te viu, quem te vê! Melhor levar o turista pela Montanha", resume o marchand Carlos Augusto Alves. 

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