Cidade
Salvador tem 164 localidades em áreas de risco e soma mais de mil deslizamentos em dois anos
Entre as 164 localidades em áreas de risco, 14 são classificadas como em estado crítico
Foto: Secom/Jefferson Peixoto
Com dias de fortes chuvas assolando a cidade, a sirene de emergência foi acionada em cinco comunidades de Salvador nesta segunda-feira (8): Calabetão, Vila Picasso, Bom Juá, Mangabeira e Voluntários da Pátria. Essas são regiões que, por conta da localização, estão entre as 14 áreas de risco em estado crítico. Além delas, Mamede, Irmã Dulce, Mangabeira 2, Creche, Moscou, Baixa do Cacau, Bosque Real e Olari também têm Sistema de Alerta e Alarme da Defesa Civil de Salvador (Codesal) e são monitoradas constantemente como em estado crítico.
Outras 150 localidades são apontadas como áreas de risco para deslizamento, mas sem estado crítico. O mapeamento indica uma diminuição significativa comparada ao ano de 2018, quando foram registradas 600 áreas de risco na cidade.
Não é novidade que Salvador possui um relevo acidentado, basta observar a olho nu o desnível entre a Cidade Baixa e Cidade Alta da cidade. Este é um dos fatores que contribuem para a ocupação urbana e construções em áreas de risco de forma irregular, que podem gerar deslizamentos de terra e/ou desabamentos. Entre março de 2022 a março de 2024, a Codesal registrou 274 desabamentos de imóveis e 1.074 deslizamentos de terra em áreas de encosta.
Desde 2016, o órgão municipal atua com o foco de prevenção, utilizando ações que incluem trabalhos educativos e inclusivos com moradores das áreas de riscos, contenção de encostas e aplicação das geomantas. Segundo o diretor-geral da Codesal, Sosthenes Macêdo, durante todo o ano são realizadas vistorias para identificar riscos de deslizamento ou desabamento.
“Nossa equipe notifica o proprietário, para que ele se afaste dessa condição de risco por um período de tempo, ou, às vezes, em definitivo. O acolhimento deste morador é feito pelos programas sociais da Secretaria de Promoção Social (Sempre), com auxílio moradia ou auxílio de emergência, para que ele esteja seguro enquanto o profissional realiza a vistoria”, explicou ao Metro1.
Em fevereiro de 2024, um imóvel precisou ser demolido em uma encosta na região do Ogunjá, em Salvador, devido ao rompimento de uma rede de drenagem que passava pelo local. Segundo informações da Superintendência de Obras Públicas (Sucop), duas semanas antes da demolição, a casa tinha sido atingida por um deslizamento de terra causado pela chuva. A pasta realizou uma nova linha de drenagem para o desvio da água da chuva no local e uma obra de contenção na encosta.
“Isso acontece muitas vezes, por ser uma construção sem técnica correta ou acompanhamento de um engenheiro ou arquiteto profissional, habilitado pelo CREA [Conselho Regional de Engenharia e Agronomia] ou pelo CAU [Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo], onde há insegurança ou risco construtivo que traz esses prejuízos para essas famílias. Algumas casas caem, desabam, independente da chuva. Em outras, a chuva vai agir como um catalisador do desabamento. É muito difícil você pensar numa construção que foi bem feita, desabar”, completa Macêdo.
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