Cidade
Filha de Obaluaê, Alaíde do Feijão morreu um dia após festa do orixá
Alaíde era do Candomblé, do Terreiro Tumbacê, feita pela Ialorixá Carmélia
Foto: Reprodução
Nascida em 1948, Alaíde da Conceição aprendeu ainda menina o jeito da cozinha para ajudar a mãe, Maria das Neves. O ponto era ali na Praça Cayru, em frente ao Elevador Larcerda, na Cidade Baixa.
De tanto erguer o pescoço para enxergar o elevador de cima, nunca mais abaixaria a cabeça para ninguém. Nos anos 1980, quando a mãe aposentou, Alaíde herdou o tabuleiro, o ponto e a clientela. Pela qualidade no preparo da comida seria rebatizada de Alaíde do Feijão — nome que a acompanharia até o último dia de vida.
Nos anos 1990, com a revitalização do Pelourinho no governo ACM, deixou o tabuleiro para abrir um restaurante. Da barriga encostada no fogão criaria, solo, três filhas, além de uma legião de admiradores.
Sentava com deputados e vereadores, recebia entidades carnavalescas e gostava de conversar com integrantes do Movimento Negro para articular reuniões políticas e culturais. Realizou mais de 10 edições da 'Quintanda do Saber', sempre no mês de março para marcar o Dia Internacional da Mulher. No restaurante, recebeu os ex-presidentes Lula e Dilma (ambos do PT) para dialogar sobre ações afirmativas para os negros baianos e brasileiros.
Alaíde era do Candomblé, do Terreiro Tumbacê, feita pela Ialorixá Carmélia. Era regida por Obaluaê, orixá da cura, da doença e da morte.
No domingo (30), um dia antes da morte de Alaíde, foi celebrado o dia de São Lázaro e Obaluaê. Alaíde morreu por uma parada cardiorrespiratória, ocorrida em função da Covid-19.
Além das três filhas, Alaíde do Feijão deixa sete netos e seis bisnetos.
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