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Filha de Obaluaê, Alaíde do Feijão morreu um dia após festa do orixá

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Filha de Obaluaê, Alaíde do Feijão morreu um dia após festa do orixá

Alaíde era do Candomblé, do Terreiro Tumbacê, feita pela Ialorixá Carmélia

Filha de Obaluaê, Alaíde do Feijão morreu um dia após festa do orixá

Foto: Reprodução

Por: André Uzêda no dia 31 de janeiro de 2022 às 16:02

Nascida em 1948, Alaíde da Conceição aprendeu ainda menina o jeito da cozinha para ajudar a mãe, Maria das Neves. O ponto era ali na Praça Cayru, em frente ao Elevador Larcerda, na Cidade Baixa.

De tanto erguer o pescoço para enxergar o elevador de cima, nunca mais abaixaria a cabeça para ninguém.  Nos anos 1980, quando a mãe aposentou, Alaíde herdou o tabuleiro, o ponto e a clientela. Pela qualidade no preparo da comida seria rebatizada de Alaíde do Feijão — nome que a acompanharia até o último dia de vida.

Nos anos 1990, com a revitalização do Pelourinho no governo ACM, deixou o tabuleiro para abrir um restaurante. Da barriga encostada no fogão criaria, solo, três filhas, além de uma legião de admiradores.

Sentava com deputados e vereadores, recebia entidades carnavalescas e gostava de conversar com integrantes do Movimento Negro para articular reuniões políticas e culturais. Realizou mais de 10 edições da 'Quintanda do Saber', sempre no mês de março para marcar o Dia Internacional da Mulher. No restaurante, recebeu os ex-presidentes Lula e Dilma (ambos do PT) para dialogar sobre ações afirmativas para os negros baianos e brasileiros.

Alaíde era do Candomblé, do Terreiro Tumbacê, feita pela Ialorixá Carmélia. Era regida por  Obaluaê, orixá da cura, da doença e da morte. 

No domingo (30), um dia antes da morte de Alaíde, foi celebrado o dia de São Lázaro e Obaluaê. Alaíde morreu por uma parada cardiorrespiratória, ocorrida em função da Covid-19.

Além das três filhas, Alaíde do Feijão deixa sete netos e seis bisnetos.