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Morte de homem trans em Camaçari está relacionado a crime de ódio, diz amiga 

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Morte de homem trans em Camaçari está relacionado a crime de ódio, diz amiga 

Vítima se preparava para iniciar processo de transição 

Morte de homem trans em Camaçari está relacionado a crime de ódio, diz amiga 

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Por: Tailane Muniz no dia 16 de dezembro de 2021 às 12:37

Estudante de biomedicina, Camury Rosa de Jesus Amorim tinha 20 anos e era um homem transsexual. Não tinha problema em falar sobre o assunto, se preparava para iniciar o processo de transição de gênero. Não teve tempo. Foi morto a tiros por três homens encapuzados, na madrugada de quarta-feira (15), em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. 

A Polícia Civil ainda não oficializou uma linha de investigação, mas amigos próximos atribuem à transfobia o assassinato do jovem. A vítima foi sepultada na cidade da RMS, na manhã desta quinta-feira (16). 

Rosa morava sozinho há poucos meses em Camaçari, havia deixado Brotas, na capital, em razão da violência que sofria por mostrar-se sempre, lembra a estudante de jornalismo Anne Almeida, 30 anos, amiga da vítima. Ela conta que Camury chamava atenção pela beleza e personalidade, o que pode ter despertado um desafeto.

"Era uma pessoa incrível, mas sofria ataques constantes por ser quem era. Ele estava perto de iniciar a transição, era uma pessoa muito empenhada. Eu acredito muito em 'homofobia' [como motivação do crime]", diz Anne, ao descrever o amigo como uma pessoa independente e batalhador, mesmo com uma "família estabilizada financeiramente".

Anne soube da morte por meios virtuais e diz que a notícia de imediato chocou a toda rede de amigos. "Porque era uma pessoa que não andava em confusão. Lia muito, inteligente demais". A vítima tinha boa relação com a família, mas morar sozinha sempre foi uma opção.

Camury era solteiro e, segundo Anne, algumas pessoas levantaram a hipótese dele ter se relacionado com uma mulher comprometida - o que se apresenta, por ora, como uma possibilidade remota. Assim como os boatos de que uma dívida de drogas teria motivado o crime, comenta a estudante. 

Embora perceba no assassinato indícios que remetem ao modo como os traficantes costumam executar desafetos, Anne não abandona a convicção de que o amigo morreu por questõoes relacionadas ao gênero. "Duvido muito, não tem nada a ver com ele. Não tinha envolvimento nenhum com isso de tráfico".

Em meio às incertezas, ela aguarda que as investigações revelem o que realmente ocasionou a morte do amigo, cuja última lembrança está relacionada às boas energias" compartilhadas na praia da Poesia, numa tarde em Itapuã.