“Brutal, covarde e com a assinatura do país do latifúndio”, diz Djamila Ribeiro sobre morte de Mãe Bernadete

A filósofa e escritora Djamila Ribeiro se pronunciou a respeito da morte da liderança quilombola Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, assassinada com 22 tiros dentro de casa.

Em seu artigo no jornal Folha de S. Paulo, Djamila disse que a notícia do crime “rouba o ar”, mas que ele é recuperado para que seja exigida justiça. A escritora declarou que o assassinato da ialorixá carrega a “assinatura de um país do latifúndio”.

“Deixar minha mais profunda solidariedade a toda comunidade quilombola que chora a morte de Mãe Bernadete Pacífico, assassinada de forma brutal, covarde e com a assinatura de um país do latifúndio, que saqueou das pessoas negras a possibilidade de viver em comunidade em uma terra titulada e produtiva”, escreveu.

Djamila expressou ainda que a perda de Bernadete e seu filho, Binho do Quilombo - morto com 16 tiros há seis anos atrás -, é tão vil que somente a força dos orixás pode apaziguar a dor, em um país que tem o “chão encharcado com o sangue do povo negro e indígena”.

“A benção, Mãe Bernadete. Sua mãe Oyá está na guarda, guiou-a pela travessia em festa pela missão cumprida nessa terra [...] A vingança do povo negro brasileiro é o poder incomensurável da nossa ancestralidade, que nos mantém vivos em um país qiue tentou nos calar como pode [..] Esta terra lembra de tudo e não esquecerá o que foi feito a Mãe Bernadete Pacífico”, finalizou.

A morte de Mãe Bernadete é tema de capa do Jornal Metropole desta semana (confira aqui).