Brasil
Governo Bolsonaro ignorou série de alertas sobre falta de oxigênio em Manaus
Através de empresa fornecedora, Amazonas enviou avisos ao Ministério da Saúde, que não agiu
Foto: Márcio James/Amazônia Real
O governo de Jair Bolsonaro, através do ministro da Saúde, general da ativa Eduardo Pazuello, foi avisado sobre a escassez crítica de oxigênio em Manaus por integrantes do governo do Amazonas e pela empresa que fornece o produto. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o aviso veio até mesmo por uma cunhada sua que tinha um familiar “sem oxigênio para passar o dia”. Pazuello também foi informado sobre problemas logísticos nas remessas.
Ainda segundo o periódico, os avisos foram dados pelo menos quatro dias antes do absoluto colapso dos hospitais da cidade que atendem pacientes com Covid-19, inclusive um hospital universitário federal, o Getúlio Vargas.
Ainda assim, e mesmo estando na capital do Amazonas nos três dias que antecederam o colapso, o ministro não tomou as providências necessárias para garantir o fornecimento de oxigênio.
O ministro esteve em Manaus na última segunda-feira (11) para um evento político, além de reunir a cúpula do Ministério da Saúde e as principais autoridades do Amazonas para o lançamento de um plano de enfrentamento à Covid-19 no estado. Pazuello admitiu em seu discurso que tinha conhecimento do que ocorria nos hospitais naquele momento: "Estamos vivendo crise de oxigênio? Sim".
Ele prosseguiu: "Quando eu cheguei na minha casa ontem, estava a minha cunhada, com o irmão sem oxigênio nem para passar o dia. 'Acho que chega amanhã.' 'O que você vai fazer?' 'Nada. Você e todo mundo vão esperar chegar o oxigênio e ser distribuído.' Não tem o que fazer. Então, vamos com calma."
Nesta semana, em conversa com apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro disse que o governo federal fez a sua parte para ajudar o estado. "Problemas. A gente está sempre fazendo o que tem que fazer. Problema em Manaus. Terrível, o problema em Manaus. Agora, agora, nós fizemos a nossa parte. Recursos, meios. Hoje, as Forças Armadas 'deslocou' para lá um hospital de campanha. O ministro da Saúde esteve lá segunda-feira e providenciou oxigênio", afirmou o presidente na saída da residência oficial do Palácio da Alvorada.
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