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É o investimento na credibilidade do discurso médico para fins comerciais, diz advogada sobre atores que se passaram por médicos

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É o investimento na credibilidade do discurso médico para fins comerciais, diz advogada sobre atores que se passaram por médicos

Professora da Faculdade de Medicina da Ufba, Camila Vasconcelos acredita que pode haver a possibilidade dos consumidores processarem os fabricantes

É o investimento na credibilidade do discurso médico para fins comerciais, diz advogada sobre atores que se passaram por médicos

Foto: Fernanda Vilas Boas/Metropress

Por: Metro1 no dia 27 de julho de 2024 às 10:24

Atualizado: no dia 27 de julho de 2024 às 10:24

Atores e atrizes que se passaram por médicos em vídeos para divulgar medicamentos e produtos que se dizem milagrosos usaram do poder e da credibilidade do discurso médico para fins comerciais. Essa análise foi feita pela advogada e professora da Faculdade de Medicina da Ufba (Universidade Federal da Bahia) Camila Vasconcelos durante o programa Metropole Mais. Para ela, deve ser analisada, inclusive, a possibilidade dos consumidores que adquiririam esses produtos processarem as indústrias responsáveis por eles e pela publicidade. 

“Esses personagens não foram escolhidos à toa. A gente vai analisando que existe toda uma intencionalidade na narrativa posta. Eles pretendem de fato que a pessoa, a audiência, ela desenvolva um viés de credibilidade em relação a quem está falando, indubitável. Ou seja, eu não posso ter dúvidas de que as pessoas que estão falando sabem o que estão dizendo, muito menos ter dúvida a respeito da eficácia do conteúdo que se está a dizer”, explicou a professora. 

O caso foi abordado na edição mais recente do Jornal Metropole, que mostrou atores se passando por médico, utilizando nomes e registros de profissionais reais, para induzir a compra de medicamentos que muitas vezes sequer têm aprovação da Anvisa. Os vídeos eram feitos para parecer entrevistas reais com os falsos médicos e profissionais da saúde, que era apresentados com um currículo detalhado e contavam suas supostas experiências com o produto. 

“É importante a gente perceber todo cunho comercial forte e todas as consequências. Se são medicamentos que estão disponíveis para a compra de maneira facilitada, as consequências da aquisição e todos os danos que foram causados nas pessoas que adquiriram confiando naquela propaganda tem, sim, um viés muito forte, inclusive, no âmbito cívio”, pontuou.

Segundo a professora, caberia uma análise de quanto os pacientes que adquiriram esses produtos teriam legitimidade para processar as indústrias, “quem de fato está ludibriando, que fez a intencionalidade da roteirização, quem é que está se valendo de toda essa estrutura”.

“Por mais que a gente trabalhe do ponto de vista do Direito do Consumidor, os pacientes são especiais. Não é como ir comprar um computador. A saúde é um direito constitucional que acaba sendo utilizado de maneira não tão especial quanto é. Então, por mais que a gente esteja falando de uma deturpação de um direito constitucional”, finalizou.