Trabalhadores do ferry fazem protesto após agressões e saída de embarcações atrasa

Um protesto por melhores condições de trabalho e investimento em segurança dos funcionários causou atrasos nas partidas do ferry-boat na manhã desta terça-feira (31). De acordo com funcionários ouvidos pelo Metro1, o protesto é uma tentativa de chamar atenção da sociedade para a realidade de insegurança que os funcionários têm vivido com frequência. “A empresa presta um serviço que deixa o passageiro insatisfeito e chega em um ponto que ele desconta, e quem ele encontra é a pessoa que está abrindo o portão, que está vendendo o bilhete”, explica Reginaldo Santos, que atua como comandante de embarcação há oito anos. 

Segundo os funcionários, o caso mais recente, e que gerou os protestos desta terça, aconteceu no fim de semana quando um funcionário foi agredido por passageiros e ficou gravemente ferido. Testemunhas contam que as agressões continuaram mesmo com o funcionário caído no chão. O homem ficou com um braço fraturado e com ferimentos no rosto e precisou de atendimento médico. Na última segunda-feira (30), um outro funcionário teria sofrido uma tentativa de atropelamento. “As agressões verbais acontecem todos os dias, e nos dias de maior movimento, como fim de semana e feriados, acabam acontecendo as agressões físicas", disse o funcionário. 

Questionada, a Internacional Travessia, responsável pela operação do sistema ferry-boat, classificou o caso como isolado. “O caso de agressão ocorrido recentemente foi pontual e fortuito, com os agressores identificados e detidos; eles estavam alterados por uso de bebida alcóolica, um caso de polícia”, diz a nota enviada pela empresa. Disse, ainda, que tem equipe de segurança atuante e que está em constante diálogo com o sindicato de funcionários sobre o assunto. (Veja a íntegra da nota no final do texto). 

Os funcionários, no entanto, alegam que as tentativas de conversa para solicitar reforço de segurança e melhoria nas condições de trabalho tem acontecido a cerca de seis meses sem sucesso. “Recebemos a resposta de um gerente da empresa de que investir em segurança era muito caro e que isso não seria feito”, disse Reginaldo, que afirmou ter recebido a resposta pessoalmente a cerca de três meses.

A Internacional Travessias alega que a versão do trabalhador não procede. Ao Metro1, a empresa disse que o gerente, citado pelo funcionário, não tem influência ou autonomia para falar sobre o setor de segurança.

Segundo os funcionários, as constantes agressões têm tornado difícil a rotina de trabalho. “São vários colegas que pedem demissão, ou que estão trabalhando a base de medicamentos. precisando de acompanhamento psicológico. A gente espera que com a repercussão algo mude”, pede Reginaldo. 

Veja íntegra da nota enviada pela Internacional Travessias:  

A respeito do caso da agressão sofrida domingo (29) por funcionário no terminal do ferry-boat e a manifestação da categoria no dia de hoje, terça-feira (31), a Internacional Travessias Salvador informa que:

1. A empresa tem equipe de segurança que atua dentro das instalações, ainda assim, devido ao número de pessoas em momentos de maior demanda, vem realizando esforços para ampliar a segurança nas áreas dos terminais, inclusive com solicitação formal junto à Polícia Militar, que nos atende, na medida das possibilidades, dentro da parceria existente. 

2. O caso de agressão ocorrido recentemente foi pontual e fortuito, com os agressores identificados e detidos; eles estavam alterados por uso de bebida alcóolica, um caso de polícia. 

3. A empresa tem total solidariedade pela equipe de profissionais que trabalha nas áreas, em especial as de linha de frente, e atua para garantir sua segurança. Estamos em contato frequente com o sindicato, inclusive solicitando seu apoio, para entendimento e soluções que contemplem as questões aqui mencionadas.