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Terça-feira, 16 de julho de 2024

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De uma aberração a outra

De uma aberração a outra

Façam as contas do que são 4,9 bilhões saindo dos cofres públicos para financiar campanhas

De uma aberração a outra

Foto: Reprodução

Por: Malu Fontes no dia 11 de julho de 2024 às 00:00

Faltam recursos para que os brasileiros que não podem pagar uma escola privada e é praticamente lugar-comum que no Brasil profundo crianças não possam ir à escola porque não têm transporte e que algumas escolas não tenham o básico, como carteiras, quadro na parede, água potável e material didático. O SUS, que é conceitualmente uma das melhores engrenagens do mundo quando se fala em política pública de saúde de caráter universal, comumente não pode oferecer o básico ao cidadão: uma consulta médica ou a realização de um exame que pode ser a diferença entre viver e morrer.

A justificativa genérica que o cidadão comum ouve ou lê todos os dias na imprensa e da boca de políticos e de autoridades econômicas e orçamentárias é que não há recursos públicos suficientes e disponíveis para isso. É um mantra a tese de que o país precisa reduzir custos, cortar despesas, eliminar privilégios para que o país tenha saúde financeira e possa crescer e desenvolver-se. Um exemplo de agora: as universidades públicas estão aí, sucateadas, saindo de uma greve e sem garantias de melhorias estruturais porque não há dinheiro para isso nos cofres públicos.

A extinção da corrupção

Apesar do perrengue em que vivem todos os brasileiros que dependem exclusivamente dos serviços públicos, batem a cara na porta da tese da falta de recursos e veem suas necessidades negadas pela falta de dinheiro no orçamento da União, a casta política desconhece escassez. Estamos em ano eleitoral, e nada menos do que 4,9 bilhões de reais - bilhões - foram generosamente dragados para o Fundo Eleitoral, cujo nome pomposo é Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), criado para que os partidos financiem as campanhas eleitorais de seus candidatos nas eleições de outubro.

Façam as contas do que são 4,9 bilhões saindo dos cofres públicos para financiar campanhas. Comparar isso a prêmios acumulados de loterias ajuda a dar uma ideia do valor. Quando somado a outro fundo abastecido com dinheiro público, o Fundo Partidário, essa soma sobe para 6 bilhões de reais. Somente o PL, o partido de Jair Bolsonaro, tem no bolso para a farra eleitoral deste ano R$ 1,4 bilhão de reais, seguido pelo PT, com 754 milhões e pelo União Brasil, com 644 milhões, levando em conta o número de deputados federais eleitos em cada legenda em 2022. A explicação para esse gasto público? Evitar a aberração de empresários financiando campanhas e se beneficiando depois, via corrupção. Como se sabe, o Fundo Eleitoral exterminou a corrupção entre empresas e políticos eleitos

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