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Qual é o Vitória que esperamos pro futuro?

Qual é o Vitória que esperamos pro futuro?

Um clube forte precisa ter, necessariamente: uma gestão profissional, transparente e uma torcida apaixonada e participativa

Qual é o Vitória que esperamos pro futuro?

Foto: Pietro Carpi/ECV

Por: Diego Assis no dia 07 de novembro de 2019 às 14:56

Se há algo que qualquer torcedor espera de todos os anos é que seja sempre melhor que o anterior. Com sorte, o ano seguinte será melhor que o anterior.

Sorte?

Títulos, melhores atuações e grandes contratações. Além do próximo jogo, definitivamente o que move um torcedor é o próximo ano.

Ah, o próximo ano...

Não sei os outros torcedores, mas pro torcedor do Vitória essa é sempre uma crença otimista. Entretanto, ultimamente, ano após ano, administrações pouco profissionais, erros absurdos de gestão e um plano de governança inexistente pintam uma realidade mais triste aos olhos marejados das tristezas anteriores, que sem perspectiva de melhora se limita a bradar com pouquíssima crença a frase retumbante: Ah, o ano que vem será melhor!

Será?

Qual é o Vitória que buscamos pro futuro? E como fazer para alcançá-lo? Essa é uma pergunta muito simples direcionada pra qualquer louco torcedor.

“Ora, Diego! No futuro eu quero ver um Vitória campeão, vencendo tudo nacionalmente, reconquistando a hegemonia regional. O mundial é o foco.”

Claro, amigos e amigas. É esse um sentimento comum a qualquer torcedor no Brasil, tenha a honra de torcer pro Vitória ou não. Mas não é o ponto em questão aqui... Não é onde eu quero chegar. A questão, como se constrói um clube vencedor? Inevitavelmente precisamos falar sobre o ESTATUTO!

O Estatuto é o futuro do Vitória

É um estatuto social forte que rege as diretrizes de gestão criando institutos de controle e fiscalização eficiente, direitos e responsabilidades aos gestores, estabelecendo claramente rumos e como chegar aos objetivos. Isso existe em qualquer entidade de direito privado mesmo que não necessariamente esportiva.

A solidificação da democracia no Vitória e a formação de uma nova classe de torcedores institucionalmente participativo, passa necessariamente pelo aprofundamento dos institutos democráticos do clube, e ainda que Estatuto vigente possa em algum aspecto suprir lacunas e nos dá certa estabilidade democrática, ele deixa inúmeras outras abertas e espaço para o golpe, o retrocesso e o amadorismo.

Como faremos um Vitória mais forte? Qual será o Vitória que deixaremos quando minha voz nas arquibancadas estiver silenciada, e a dos meus amigos e amigas, e do companheiro que eu não sei o nome, mas há anos assiste o jogo ali, no mesmo lugar, perto de mim? Qual é o Vitória que deixaremos?

O momento é o agora! Um clube forte precisa ter, necessariamente: uma gestão profissional, transparente e uma torcida apaixonada e participativa. A torcida apaixonada nós temos, e não há esse que de maneira lúcida venha negar que um clube com o Vitória não a tenha, precisamos ser mais participativos, mas hoje, infelizmente os mecanismos que dispomos, engessa essa participação popular no clube, o que é lamentável.

Gestão profissional é algo que falta na história do Vitória e a proposta de novo estatuto trazido a debate no ano passado -- e que se intensificou neste ano --, traz dentro do seu instituto jurídico políticas claras de governança, responsabilidade e transparência que são à tona de todo grande clube do Brasil e do mundo.

Não à toa esse estatuto foi resultado do estudo de estatutos de clubes como Barcelona, Real Madrid, Manchester, e aqui no Brasil, Santos, Grêmio, Inter, Flamengo...

Não é apenas “de boca” torcedor, a minuta do Estatuto proposto está disponível para análise.

E aí ficam as perguntas: a quem interessa um clube sem um plano de gestão claro? Por que alguém tem medo que possa ser fiscalizado por um Conselho Deliberativo forte? Por que alguém bem-intencionado tem medo de ser responsabilizado em caso de gestão temerária no Vitória? Em quê políticas claras de governança e responsabilidade podem prejudicar o Vitória a longo prazo?

Não consigo encontrar justificativa que não esbarre em argumentos evasivos e superficiais.

O golpe contra a AGE

Pois bem, chegando aos fatos, não bastasse o golpe operado para impedir a realização da última AGE, baseado num argumento infundado, contrário ao regimento interno do clube, a chapa majoritariamente eleita para o Conselho Deliberativo segue manobrando para impedir a aprovação definitiva do novo Estatuto. Com isso, desrespeita o torcedor do Vitória, desrespeita a oposição que se desloca para as reuniões buscando discutir o Vitória, reuniões essas que são encerradas por ausência de conselheiros sem compromisso com o futuro do clube. Sobretudo, não há respeito com os sócios que votaram na última AGE para que este Estatuto fosse debatido em setembro passado. Eles não respeitam ninguém.

E ao que tudo indica, um dos motivadores dessas manobras é a certeza da impunidade, de que nada será feito e que eles poderão manobrar quantas vezes quiserem, enquanto não sentirem capacidade de aprovar em AGE o Estatuto que eles querem aprovar e que hoje a possibilidade de um novo representa o fortalecimento de uma democracia que eles se colocam publicamente contra, e que atacaria diretamente as famílias historicamente hegemônicas no clube e o controle do Vitória que entendem pertencer a eles.

E nós? Qual o nosso papel nisso tudo? Vamos simplesmente permitir?

A Frente Vitória Popular moveu ação contra o golpe operado em setembro passado e ao contrário do que uns Conselheiros que possuem interesses nessas manobras falaram de forma mentirosa, juiz nenhum disse ter sido legal o golpe orquestrado e eles sabem disso. Na verdade, a justiça nunca analisou o tema, razão pela qual é necessário também confrontar a retórica mentirosa. Ora, torcedor, se a Assembleia Geral é soberana, qualquer deliberação vinda da AGE, só pode ser cancelada por outra AGE, e não há nada no Estatuto que diga o contrário.

O nome certo das coisas

No fim, é isso! Precisamos ser claros com os nomes das coisas! Foi golpe contra a AGE, é mentira quando dizem estar resguardados por decisão judicial, e é desrespeitosa as manobras contra outros conselheiros e torcedores que aguardam uma resolução.

Enquanto não tivermos um Estatuto Social profissional, pautado na transparência, na eficiência e na responsabilidade dos seus gestores, o futuro dependerá exclusivamente da sorte ou do azar.

Quando, finalmente, o próximo ano será pautado por eficiência e profissionalismo?


*As opiniões colocadas neste texto não representam, necessariamente, a posição do Grupo Metrópole

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