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Incerteza e recuperação: engenheiro lembra luta contra hepatite C nos anos 90

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Incerteza e recuperação: engenheiro lembra luta contra hepatite C nos anos 90

Até o início da década de 1990, o engenheiro Rômulo Corrêa levava uma vida normal. De um dia para o outro, dores nas pernas passaram a chamar a atenção, mas, atribuindo o sintoma à correria da rotina agitada, ele não deu tanta importância para os sinais do corpo. “Eu dormia e passava”, lembra [Leia mais...]

Incerteza e recuperação: engenheiro lembra luta contra hepatite C nos anos 90

Foto: Reprodução/Facebook

Por: Bárbara Silveira no dia 25 de julho de 2016 às 15:43

Até o início da década de 1990, o engenheiro Rômulo Corrêa levava uma vida normal. De um dia para o outro, dores nas pernas passaram a chamar a atenção, mas, atribuindo o sintoma à correria da rotina agitada, ele não deu tanta importância para os sinais do corpo. “Eu dormia e passava”, lembra. Um dia, Rômulo acordou vomitando sangue e foi aí que resolveu procurar um médico. “Já eram varizes no esôfago e no estômago, provocadas por uma cirrose que eu já tinha. Tive essa ocorrência e fui investigar”, conta.

Apesar de inúmeros exames, os médicos não conseguiam detectar que o problema se tratava de hepatite C, doença viral descoberta em 1987 por cientistas norte-americanos, mas que, por causa da ausência de tecnologia necessária, permaneceu sem diagnóstico preciso no Brasil até 1993, segundo o Ministério da Saúde. “Eu descobri em 1991. Os médicos fizeram exames e sabiam que não eram as Hepatites A e B, então tive que mandar o meu sangue para a Itália para descobrir, porque aqui deu negativo. Os procedimentos eram muito rudimentares. Uma das características da hepatite é ser silenciosa, não dar sinais. Se der, é algo muito leve, que geralmente é confundido com cansaço, gripe. Então eu pensava que era o dia a dia”, diz.

Para ter o diagnóstico preciso, Rômulo contou com a ajuda de uma médica do antigo laboratório do Hospital São Rafael, em Salvador, que seguia para a Europa para realizar um intercâmbio e levou uma amostra de sangue à Itália para ser analisada. Mas a certeza a respeito da doença não diminuiu a apreensão do engenheiro, já que o tratamento também era falho, sofrido e incerto. “Eu fiz 35 procedimentos para me curar. Os medicamentos tinham muitos efeitos colaterais: caía cabelo, a pessoa emagrecia 10 kg, além dos problemas de visão e psicológico. Era longo, dolorido e a pessoa não tinha certeza que ia melhorar. O índice de cura era cerca de 50%, no máximo. Era uma coisa horrível”, recorda.

Câncer durante tratamento

Em 2004, 13 anos após iniciar o tratamento contra a doença, Rômulo passou a lutar contra um câncer que tomava conta do seu fígado a cada dia. Um dos efeitos dos antigos medicamentos e do vírus da hepatite C no organismo é o aparecimento de fibrose no fígado – o que em 20% dos casos, desenvolve-se para um câncer. Com dois tumores que não regrediam diante da medicação, a solução encontrada pelos médicos para o caso do engenheiro foi o transplante. “Hoje estou curado da hepatite e sou transplantado”, comemora, livre de ambas as enfermidades.

Dados do Ministério da Saúde mostram que o caso de Rômulo é, infelizmente, mais comum do que se parece, já que as fibroses mais intensas causadas pela hepatite podem evoluir para casos de câncer mesmo anos após o paciente estar curado da doença. “Por isso é importante descobrir o quanto antes e iniciar o tratamento”, explica.

Luta motivou ajuda a outros pacientes

A intensa batalha contra a doença e saber qual a importância do diagnóstico precoce motivou a criação do Grupo Vontade de Viver – que oferece apoio a portadores de todos os tipos de hepatites virais. “O doutor Raymundo Paraná, que é um dos melhores hepatologistas do Brasil, convidou 8 pacientes e ex-pacientes dele e incentivou a gente a fundar essa ONG”, lembra Rômulo, que preside a Organização Não Governamental sem fins lucrativos fundada em 2002.

Metrópole na luta contra a desinformação

Segundo o Ministério da Saúde, a principal vilã na história é a falta de informação. Para chamar a atenção da população à questão, o governo federal criou a campanha Julho Amarelo, com ações que alertam para os perigos das doenças realizadas ao longo de todo o mês em parceria com os governos estaduais e administrações municipais. Por conta disso, nesta semana, além das tradicionais notícias de política, economia, esportes, polícia e cidades veiculadas no portal Metro1, no Jornal da Metrópole e na Rádio Metrópole, vamos trazer também uma série especial sobre saúde, abordando características do tratamento e diagnóstico das hepatites virais.

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