Saúde
Infectologista compara coronavírus com gripe espanhola e diz que imunidade de rebanho é 'ínviável'
Segundo Stefan Cunha Ujvari, a probabilidade de ter um número maior de mortos assusta as autoridades
Foto: Metropress
O infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, e autor de Pandemias "A Humanidade em Risco", Stefan Cunha Ujvari, comentou as semelhanças entre a pandemia de Gripe Espanhola, que aconteceu entre 1918 e 1919 e matou, no mínimo, 50 milhões de pessoas, e a pandemia de coronavírus, que já deixou 961 mil mortos. Em entrevista a Mário Kertész na Rádio Metrópole hoje (21), durante o Jornal da Metrópole no Ar, ele afirmou que a primeira doença seguiu um curso rápido e mortal.
"A gente deixou a epidemia explodir na velocidade normal de uma epidemia. Por isso teve um período curto, de dois a três meses. Mesmo assim, ela causou um número de mortes assustador. A Bahia foi um estado que foi mais poupado. O Rio de Janeiro perdeu 1,5% da população, o que é muita porcentagem. São Paulo perdeu quase 1%. Ela veio por uma embarcação inglesa que fez escala em Portugal e que depois veio para o Brasil", afirmou o especialista.
"No começo da Espanhola, também se faziam notícias muito tranquilizadoras onde aquilo que acontecia na Europa era uma doença de 'limpa-velhos', porque matava principalmente os idosos e não precisava de pânico. Quando começou com a mortalidade dela, começou a ter pânico e os falsos tratamentos. Acreditava-se que a cachaça poderia curar porque esterilizava a garganta ou gargarejo com substância de eucalipto, ou alho ou limão. Nos mercados esgotaram esses ingredientes", afirma o infectologista.
No entanto, ele alertou para a diferença entre as duas pandemias. Segundo Ujvari, o coronavírus tem um potencial mais mortal. "A imunidade de rebanho existe, mas a gente poderia somente atingi-la se deixasse a pandemia transcorrer sem o isolamento social, distanciamento, máscara e medidas preventivas. Foi o que aconteceu na gripe espanhola, onde a pandemia durou dois meses e foi embora. Mas isso hoje é inviável, teríamos um número de mortos muito grande por falta de leitos", declarou.
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