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Covid-19: diferenças entre discursos gera debate sobre politização de medicamentos na pandemia

Saúde

Covid-19: diferenças entre discursos gera debate sobre politização de medicamentos na pandemia

Expectativa e realidade divergem e população se vê confusa diante de informações dúbias sobre vacinas e substâncias

Covid-19: diferenças entre discursos gera debate sobre politização de medicamentos na pandemia

Foto: Mateus Pereira/GOVBA

Por: Matheus Simoni no dia 12 de março de 2021 às 16:00


Na prática, a teoria é outra. Esta é uma das frases que pode resumir a adoção de protocolos sanitários contra a pandemia de coronavírus. Em meio ao aumento de casos, a classe médica se viu dividida em vários momentos. Um dos mais evidentes e que provoca racha entre profissionais de saúde é a adoção de discursos diferentes sobre um mesmo tema: o tratamento de pacientes com Covid-19 através de medicamentos sem eficácia comprovada. A utilização de substâncias como hidroxicloroquina e ivermectina, embora criticada por cientistas de todo o mundo, não é algo raro em hospitais.

“A gente vê as pessoas chegando que usaram e não usaram. Ele vai ter o quadro grave apesar de usar ou não usar. Se você usou e se deu bem, você diz que foi isso que fez ele melhorar. Se não usou, outro diz que deveria ter usado e deveria melhorar. O que a gente vê provado é que não muda”, afirma Eliane Noya diretora técnica do Hospital Aeroporto, localizado em Lauro de Freitas.

Ceuci nega eficácia de substâncias 

Uma das vozes mais críticas à adoção dessas substâncias é a infectologista e cientista Ceuci Nunes, diretora do Instituto Couto Maia, uma das unidades que são referência para tratamento de doenças infecto-contagiosas.

“Eu acho que não é controverso: a ciência diz que o tratamento precoce não existe. Não sou eu que estou dizendo.Por exemplo, dia 4 de março de 2021, o JAMA (Jornal da Associação Médica Americana) fez uma publicação de um artigo referente à ivermectina. Eles fizeram o estudo randomizado controlado pessoas que usaram ivermectina e pessoas que usaram placebo. E a conclusão é: para adultos com Covid-19 em quadros leves, o uso de ivermectina por 5 dias, em comparação ao placebo, não aumenta de forma significativa o tempo de resolução dos sintomas. Portanto, essa revista não orienta o uso desta medicação”, explicou a infectologista. 

Badaró esclarece posição sobre tratamento precoce

O médico infectologista Roberto Badaró negou que tenha feito comentários na Rádio Metrópole sobre uma suposta defesa ao tratamento precoce contra a Covid-19. O especialista declarou que nunca emitiu opinião sobre a doença e que somente aponta evidências científicas do que trata do coronavírus. Dr. Badaró também apontou a existência de “parcialidade” nas análises de cientistas que abordam a Covid-19 durante a pandemia.

“O que está acontecendo com a ciência da Covid é um crescimento exponencial de novos cientistas que, se examinarmos os seus currículos, não vamos encontrar meia dúzia de trabalhos publicados. Em Covid, com certeza nenhum. Eles omitem opiniões. Nunca emiti opinião aqui. Eu sempre trouxe a revista ou o periódico, analisei o trabalho científico com a devida citação do tipo científico que foi publicado”, disse o médico.