Saúde
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Tratamento precoce: kit covid é um 'crime contra a saúde da população', diz Drauzio Varella
Médico oncologista afirmou que indicação de cloroquina, ivermectina e azitromicina causa confusão na população por conta da ineficácia contra a Covid-19
Foto: Divulgação
O médico oncologista, cientista e escritor brasileiro Drauzio Varella foi entrevistado por Mário Kertész na manhã de hoje (11), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole, e falou mais uma vez sobre a ineficácia de medicamentos para o chamado tratamento precoce contra o coronavírus. Ele citou substâncias como cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina, itens que fazem parte do kit covid. Cientistas e órgãos internacionais apontam que esses medicamentos não possuem eficácia comprovada contra o coronavírus.
"Opinião é de todos os médicos que acompanham a literatura, leem e são capazes de entender o que leram: infelizmente não temos nenhum tratamento precoce para o coronavírus. Imagine que você tem um presidente da República que sai defendendo a cloroquina, tomando medidas práticas como a farmácia do Exército tendo que produzir cloroquina e aceitando a desova de cloroquina no Brasil feita pelo ex-presidente Trump, dos EUA, que também era um defensor da cloroquina, mas não teve como encaixar esse medicamento no tratamento precoce lá. Lá os médicos enfrentam processos quando prescrevem tratamentos que não são indicados. Desovou mais ainda", disse o médico.
Na avaliação de dr. Drauzio, a distribuição do kit covid pode ser considerado um crime contra a saúde pública. "Distribuímos um kit do tratamento precoce, o kit covid, que tinha cloroquina, ivermectina, um antibiótico que você não compra sem receita médica, que é a azitromicina, e uma série de outras bobagens. Isso foi distribuído pelo país inteiro. Foi um crime cometido contra a saúde da população. A partir daí, médicos com razões ideológicas, porque não consigo enxergar outras, passaram a defender o tratamento. Você imagina como a população fica confusa: de um lado presidente e até médicos defendendo o tratamento precoce. De outro lado, outros médicos que dizem que não adianta e não existe tratamento precoce. Como você reage?", questionou.
O médico ainda falou dos riscos de dosagens equivocadas das substâncias. Ele citou o hepatologista Raymundo Paraná, diretor do Hospital Aliança, que é uma das referências no assunto e já alertou para problemas causados pelos medicamentos. "Ivermectina não tem nenhuma ação contra o coronavírus. Isso não sou eu que estou dizendo agora. Isso dizem todos os trabalhos científicos publicado e mais. Isso diz o laboratório que produz a ivermectina. Há poucas semanas atrás, disse que não tinha nenhuma ação. Só acho um pouco estranho terem levado tanto tempo e tantas vendas mais tarde para dar esse tipo de informação. Se o laboratório produtor diz que não age, temos um problema sério aí", afirmou o médico.
"Tem casos de insuficiência hepática aguda, fulminante, com necessidade de transplante de fígado por causa da ivermectina. As pessoas vão na farmácia, tomam a droga, tomam sabe-se lá o esquema de doses, seja exagerada ou por muito tempo. Você não pode ter esse tipo de indicação feita por gente que não entende absolutamente nada sobre esse tema", declarou.
Veja a entrevista completa:
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